EXPOMONTES 2014: 40° EXPOMONTES MARCA A HISTÓRIA DA SOCIEDADE RURAL

EXPOMONTES 2014
 
40ª Expomontes marca a história de 70 anos da Sociedade Rural 



Quando se fala da origem de Minas Gerais, a imaginação brilha com o amarelo do ouro das Minas de Mariana e Ouro Preto. Nos livros didáticos, nas homenagens e mesmo na preservação do legado da época, apenas a região das "Minas" é lembrada. Os "Gerais" sempre foram o quintal esquecido. A história não foi e ainda não é justa com a região.

Para vencer o atraso e impulsionar o desenvolvimento da região, os sertanejos do Norte precisaram crescer por si mesmos, sem esperar ajuda de fora. Há 70 anos, a Sociedade Rural de Montes Claros trabalha não só nos interesses do homem do campo, mas pelo desenvolvimento toda a região.

A entidade participou ativamente de lutas e conquistas fundamentais para o Norte de Minas, tais como: a instalação da Companhia Telefônica de Montes Claros, a implantação do sistema de telefonia rural, a instalação do 10º Batalhão da Polícia Militar, a Organização do Corpo de Bombeiros, abertura do Aeroporto Mário Ribeiro, instalação do Escritório Regional da Acar, posteriormente transformada em Emater, interligação do Norte de Minas ao sistema energético de Três Marias, a instalação em Montes Claros da 1ª Diretoria Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba – Codevasf, a transformação de Montes Claros no segundo entroncamento rodoviário do país, através da abertura e pavimentação das BRs 135, 365, 251 e da MGT-122, dentre outras realizações.

Lutando por causas que buscavam deixar no passado o atraso de infra-estrutura da região, a Sociedade Rural trava desde seu nascimento com um problema mais difícil de solucionar: a seca. Numa região de fronteira que ainda se abriga no clima do semi-árido brasileiro, a irregularidade das chuvas sempre foi e continua a ser um dos maiores desafios ao progresso da região.

Com a forte seca que assola a região, entrando agora num terceiro ano de tristes perspectivas para o agricultor e agropecuário, a união da classe ruralista consegue feito extraordinário: mesmo na crise encontra forças para se destacar.

E o destaque é a Expomontes, evento fomentador do agronegócio, no Norte de Minas.

“Hoje, vivemos o presente. São 70 anos da Rural. Se buscarmos lá atrás, lá no começo, vamos ter a certeza de que o nosso passado ainda é vivo. Preservar a história é valorizar as raízes. É reencontrar nossas origens e renovar os caminhos. O mais importante de tudo é como usamos a nossa história. Somos prova viva da grandeza da Sociedade Rural. Lutamos, caminhamos, enfrentamos desafios, mas aqui estamos. E estamos juntos – unidos – para mostrar que somos os verdadeiros – protagonistas da nossa história”, afirma Osmani Barbosa Neto, presidente da Rural.

Evolução

A Exposição Agropecuária de Montes Claros apresentou nesta 40ª edição um novo formato técnico quanto à avaliação genética dos animais. Ao completar 57 anos a Feira demonstrou sua capacidade modelo e coloca a disposição do mercado, sobretudo dos pecuaristas, dois campos indissociáveis, que por muitas vezes foram tratados como oponentes.

“Tradicionalmente e isso eu falo lá atrás, a Expomontes quebrou paradigmas e venceu fronteiras e construiu uma história sólida, espelhada por todas outras instituições que vieram atrás. O começo da Feira coincide com o período em que se abria a fronteira agrícola na região. As Exposições lotavam o Parque, que muitas vezes, não comportava a quantidade de animais. Foi naquela época que surgiu o material genético”, afirma Marcos Mendes, zootecnista, diretor técnico da Sociedade Rural e membro da ABCZ.

A primeira Exposição trouxe animais de criatórios de outras regiões do Estado. 100% do rebanho eram de Uberaba, considerada primeira exposição do Brasil. Em dez anos, Osmani Barbosa, João Athayde e alguns homens visionários da época – a quem devemos tudo o que temos hoje – mudaram a realidade da região. Ao invés de trazer o gado para o Norte de Minas em dez anos passaram a ser fornecedor.

“Mais que isso, os produtores se tornaram criadores de material genético. Temos uma região produtora – exportadora de genética de qualidade. Quanto à qualidade, aqui é uma das maiores regiões do País”, descreve.

O Vale do Jequitinhonha, por exemplo, não teve a tradição do Norte de Minas. Sendo assim, os criadores de lá não tem a mesma abertura dos daqui. Eles não tiveram o mesmo “start” que os produtores rurais do sertão norte mineiro”, afirma Marcos.

Ele também descreve que “devemos disseminar o legado deixado pelos nossos antepassados. E novamente, seguimos o caminho trilhado por eles e inovamos com dois pontos técnicos que coloca a Expomontes a frente de outros eventos no País.

Certamente, a Mostra figura entre as três melhores, se avaliamos todos os quesitos técnicos. Quanto ao numero de atrações artísticas, não há nenhuma com a quantidade e qualidade que apresentamos. 2014 é um ano histórico para entidade rural que promove a Feira com serenidade e garante uma nova oportunidade aos produtores rurais.

“Ganha o campo, ganha os animais e ganha a Exposição. Nós vamos trazer a Fazenda e colocar dentro de um pavilhão. Fazendo isso, vamos abordar dois pontos fortes em dois turnos: Primeiro, julgamento de animais e, segundo, a Mostra Genética. Isso é fantástico. Engrandece a exposição, a torna mais respeitada. E possível uma convivência perfeita. Uma oportunidade para perfis diferentes”.

Marcos pondera sobre o formato da Exposição. Para ele, é impossível imaginar a Expomontes dissociada da parte técnica e dos shows. “Em Patos de Minas, por exemplo, tentaram emplacar o nosso modelo, mas não conseguiram. Tentativas frustradas fizeram com que a cidade optasse por somente os shows artísticos. Nós não! É um charme o que fazemos. Julgamos durante o dia e celebramos a noite.

A Expomontes mudou. São 57 anos. A Mostra acompanhou o tempo, transformou, renovou. Mas a essência, que é promover à agropecuária. “Isso jamais vai acabar”, informa Osmani Barbosa Neto.

Conforme Marcos, 400 bovinos em exposição e 300 equinos estiveram expostos. As duas modalidades requerem um nível de infra-estrutura maior. O investimento é grande, mas oportuniza criadores a trazer os animais para o Parque.

200 dos 400 bovídeos são destinados a Mostra Genética. O restante, é para julgamento. A maioria é de Nelore, raça predominantemente no Norte de Minas. Outras raças como Gir, Indu Brasil, Sindi, Holandês, Girolando estão nas baias do Parque de Exposições João Alencar Athayde.

Outro caminho da Expomontes é a PGP – Prova de Ganho de Peso a pasto. Animais de 18 criatórios participam em fazendas diferentes do mesmo regime e manejo para avaliação. Eles são analisados e avaliados quanto às condições naturais. Durante dez meses eles permaneceram no pasto com permissão de suplementação alimentar quando necessário e de forma igual para todos os animais participantes.

Atualmente, no Brasil, a maior parte da seleção nos rebanhos é feita baseada no fenótipo do animal. Fenótipo é o nome dado à soma de fatores genéticos e ambientais que são expressos no animal em determinado momento.



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