DITADURA: ADMINISTRAÇÃO CALA O INSTITUTO HISTÓRICO de MONTES CLAROS

Por Márcia Vieira

Neste final de semana  foi  registrado mais um ato de desrespeito da administração municipal, que, com menos de um mês, já é campeã de reclamações.

As vítimas foram os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Todos os últimos sábados do mês os escritores, que compõem uma das entidades literárias mais importantes da cidade e região, se reúnem no Centro Cultural para discutir ações e traçar metas, com o intuito de preservar  e propagar a memória da cidade. 

Mas, desta vez, a história que vai ficar nos registros é um capítulo triste, com elementos  reveladores de desprezo, vergonha e pouco caso com cidadãos que se dedicam generosamente ao ofício de levar aos mais jovens, conhecimento e cultura. 

Às 17h de sábado, 28, cerca de 20 pessoas, em idades variadas até acima de 80 anos e alguns fazendo uso de bengala, estiveram no local para mais uma reunião. Encontraram as portas fechadas e sem alguém que os recebesse no espaço público, mesmo com o agendamento regular e antecipado e a garantia de que haveria gente no local para abrir as portas.

Apesar dos incessantes contatos feitos com  os responsáveis, nada foi resolvido. Condoídos com a cena, funcionários do Museu da Unimontes  ofereceram o  espaço para abrigar os intelectuais, já exasperados, depois de horas aguardando em pé, e decepcionados com a falta de compromisso da administração municipal. Ao final, foram convidados por um dos membros a se deslocarem até à sua casa.

Um dos historiadores revoltado com o acontecimento, relatou o fato em redes sociais, mas logo a seguir o post foi retirado, por pressão da equipe do atual prefeito. Ou seja, além de serem desrespeitados, foram impedidos de mostrar os fatos. 

E o dia 28 de janeiro, dia de São Tomás de Aquino, aquele que dizia que "a finalidade do poder é ato e só é perfeito na medida que é determinante para seu ato", entra para a história como o dia em que a Administração Municipal calou  a cidade da arte e a cultura, epiteto aliás, que deixa de existir, segundo um membro da entidade. 

Tomás de Aquino dizia ainda que "o bem supremo é a felicidade, que não consiste na riqueza, nem nas honrarias, nem no poder, em nenhum bem criado, mas na contemplação do absoluto". Foi isso que o Instituto Histórico e Geográfico sempre fez. Para isso ele nasceu. Mas morre, quando é cerceado na sua mais nobre face: a de registrar os fatos, a história! 

A administração mais uma vez falha ao lidar com pessoas e traz de volta para o seu ninho a  ditadura, face cruel e perversa da nossa história que impedia especialmente aos artistas, direito à sua livre manifestação. 










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