STRESS E ESGOTAMENTO PODEM SER SINAIS DE BURNOUT

Estresse e esgotamento físico podem ser sinais da 
Síndrome de Burnout
Este conjunto de sintomas acabou de entrar para o rol da OMS como fator que influencia a saúde
A rotina e o estresse do mundo contemporâneo levam milhares de pessoas ao esgotamento físico e mental intenso, resultando em depressão, dores musculares, taquicardia, síndrome do pânico, etc. Especialmente, no ambiente de trabalho, o profissional que lida com muita pressão, como polícia professores e da área de saúde sofrem com este conjunto de sintomas, chamado de Síndrome de Burnout. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde – OMS – classificou o Burnout na categoria de “fatores que influenciam a saúde ou o contato com os serviços” – que inclui razões para as pessoas entrarem em contato com serviços de saúde para o tratamento.
Aline Rabelo é psicóloga, especialista em Recursos Humanos, e alerta que “qualquer pessoa pode sofrer, mas aquelas com características de perfeccionismo têm mais chances de apresentarem a síndrome”. Para perceber o início do problema, é preciso entender a  relação dela com o trabalho. “Abrir mão da vida pessoal, com horas extras no serviço é quando o Burnout se instala. Quando se iniciam os sintomas de ansiedade e depressão, prejudicando a saúde do trabalhador, a síndrome está no auge e a pessoa necessita de licenças do trabalho”, explica.  
O tratamento, segundo a psicóloga, deve ocorrer com o afastamento do trabalho, terapia e até medicamento psicoterápico. “Trabalhar a auto exigência para conseguir retornar de uma forma mais adaptável ao ambiente de trabalho. Muitas vezes é necessário mudar a área de atuação, a fim de manter o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”, diz Aline Rabelo.
 Quando é necessário o afastamento

Esgotamento físico e mental intenso foram os sintomas que a atendente de telemarketing, Lucimary Soares, de 40 anos, ser atendida às pressas no hospital. Tudo aconteceu há seis anos, mas ela lembra os detalhes até hoje. “Estava trabalhando, quando senti minhas vistas escurecerem, perdi o jogo das pernas, com vertigem, via todo mundo duplicado. Um nervo entre o queixo e meu olho ficou travado por uma semana, fiquei com o rosto meio paralisado. O médico deu o diagnóstico de esgotamento mental e uma licença de uma semana, além de medicamentos”, conta. Para prevenir novos gatilhos com os sintomas, ela buscou mudar de função na empresa e, atualmente, após passar num processo seletivo interno, está na função de secretária.
 A advogada trabalhista, Cibele Regina Almeida Costa, comenta que antes, Burnout estava no CID 10  Z 73.0 na categoria de problemas relacionados à dificuldades em administrar situações da vida. “Ficava abstrato e poderia ser decorrente de vários fatores, já que era unicamente definida como “estado de exaustão vital”. Agora, está na categoria de “fatores que influenciam a saúde ou o contato com os serviços” – que inclui razões para as pessoas entrarem em contato com serviços de saúde, mas não classificado como doença”.
A especialista frisa que “no CID-11, que será publicado em 2022, o Burnout ganha uma definição mais robusta, já que passa a ser definida com base em três dimensões de sintomas: sentimento de exaustão ou diminuição da energia; aumento do distanciamento das atribuições de trabalho, sentimento de negativismo ou cinismo relacionado ao trabalho e diminuição na eficácia profissional”.
A decisão aconteceu na Assembleia Mundial da Saúde, edição 72, promovida pela OMS, em Maio de 2019, na Suíça, com 194 delegações. Esses encontros oficiais revisam e atualizam os CIDs. “Dessa forma, tem-se que a Síndrome do Esgotamento Profissional pode causar incapacidade para o trabalho de teor acidentário. Nesses casos, deverá ser aberto Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Havendo incapacidade temporária para o trabalho, o trabalhador acometido por essa síndrome poderá receber auxílio doença pelo período a que estiver incapacitado”, pontua Cibele Regina.
Como prevenir o estresse no ambiente de trabalho
Burnout é uma realidade nas empresas hoje em dia. O tratamento adequado demanda profissionais capacitados para resolver a questão. Enquanto isso, na empresa, algumas iniciativas podem apoiar na diminuição desse índice, que é também nocivo para os resultados organizacionais. A consultora de gestão de pessoas, Priscila Moreira, aponta que “possuir cargos bem definidos, dentro de uma estrutura clara, é uma delas, pois quando se sabe exatamente qual o seu papel em um determinado contexto, o nível de tensão costuma ser bem menor”.
A consultora recomenda, ainda, que se adote uma política de trabalho por competência, garantindo que o colaborador, ocupando uma determinada função, seja a pessoa certa no lugar certo. “Isso significa que este funcionário está apto para o exercício de suas atribuições, o que o levará a um maior índice de produtividade. A cultura da meritocracia também aumenta o índice de satisfação das pessoas, afinal, reconhecimento e valorização são os quesitos mais procurados pelos trabalhadores em diversas pesquisas, no Brasil e no mundo”, revela.
Por fim, Priscila Moreira diz que “uma empresa deve investir em sua estruturação e na revaloração de sua Cultura, buscando alcançar um ambiente favorável à saúde das pessoas que, por sua vez, trabalharão mais, por mais tempo e com maior qualidade de vida”.
Nágila Almeida
Assessoria de Comunicação

Comentários