RELEMBRANDO GOYA.....

Por sugestão de um amigo e leitor, vez ou outra vou postar aqui alguns dos meus textos/crônicas, já publicados em outros espaços. Começo com a crônica para Goya, que nos deixou em janeiro do ano passado(2013).













RELEMBRANDO GOYA....


Em memória de Eduardo Lima (Goya)

No Céu com Diamantes...

Por Márcia Vieira

Que Liz Taylor o quê?! Montes Claros tem Goya!  Tinha Goya. Não!  Sempre teremos o Goya, na memória, no coração, em fotos, paisagens, textos e canções. Eduardo "Goya" Lima, nasceu aqui, ficou por aqui e um dia foi ali, experimentar o clima da montanha, a política de fato. Colocou sua voz no mundo, emocionou e se emocionou. Virou lenda. Certa vez, caminhando com uma amiga nas imediações do quarteirão/praça da Matriz, fez uma senhora retroceder dois passos, virar-se em sua direção e perguntar: "Eduardo Lima, é você? Conheci pela voz!". Foi um festival de abraços, carinhos e declarações da fã ao assustado, mas feliz Eduardo Lima.

Não foi apenas pela voz firme e certeira que tornou-se mito. Seus casamentos e filhos, em número extenso e pouco comum, deram o que falar. Virou matéria de revista, motivo de curiosidade e inquietação. A Lyz Taylor do sertão não tinha olhos cor de violeta. Eram olhos menores, quase apertados por detrás das lentes, mas quando falava, eles cresciam e fitavam profundamente o seu interlocutor. Os braços acompanhavam a fala e o gestual não era comedido. Nada nele era comedido. Viveu intensamente e é de se supor, partiu com a mesma intensidade.

Como todo ser humano que valida as emoções, certamente teve lá seus desafetos, mas o número de afetos é provável e infinitamente maior. Os rasantes na cidade em que nasceu aconteciam com pompa, independentemente de circunstância. Alegre, lúcido e animado, reuniu a nata da saudável loucura montes-clarense quando do lançamento de seu CD no Centro Cultural. Encontro descontraído, festivo, cheio de relatos e confidências. Esticou a noite com uma turma de bons, velhos e novos amigos. Dia seguinte ao lançamento, chegou atrasado para uma entrevista. Azar do relógio que cisma em correr mais do que as pessoas aceleradas. Foi recebido pelos colegas, alguns do início da carreira de radialista, com todo zelo e carinho e concedeu entrevista de mais de uma hora para o "Márcia Vieira em Revista", programa que ia ao ar pela Rádio Terra.

Respondia a tudo e muito mais. Difícil foi compactar e selecionar os momentos mais marcantes. Pessoas incríveis e emocionais não merecem edição. O mundo em que vivemos tem dessas coisas. Quer limitar e colocar rédeas em quem não cabe em si. O Eduardo, o Goya, fugiu das limitações, vôou, foi abrir os braços em outro horizonte, falar em outra frequência, emocionar as estrelas, talvez encontrar um "amor de outro mundo" e dar origem a novos anjos. O certo é que ele está agora “no céu com diamantes”, como cantou o Beto Guedes:

“ voz,
que é pedra de tal firmamento
e ainda se escuta luzir
a todo momento....

E está aqui mas se foi
Virou estrela
A nossa estrela no céu..”

Bye, Goya! Até a próxima entrevista ou encontro casual nos arredores do quarteirão!

Yellow
02/01/13

*Publicada em jornal O TEMPO e outros.


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