TEXTO CONVIDADO: ALBERTO SENNA

TEXTO CONVIDADO: ALBERTO SENNA


Reencontro marcado

Alberto Sena

Foi deste tamanho, ó, a satisfação de reencontrar gente amiga, que faz tempo não via. Pelo menos uns dois deles há mais de 40 anos, desde quando, de mala e cuia, fui para a capital a fim de trabalhar no jornal Estado de Minas, recém-formado no O Jornal de Montes Claros, de Oswaldo Antunes e Waldyr Senna.

CRÉDITO FOTO: ALBERTO SENNA
O reencontro com Itamaury Teles, Nicomedes, Wanderlino Arruda, Márcia Vieira, Flávio Corrêa Machado e Roberto Amaral não podia deixar de acontecer noutro lugar senão no Café Galo, lá aonde se dão as discussões relacionadas com a política, a economia, esporte e turismo, além de assuntos debitados na conta do aleatório.

Itamaury entrou no meu lugar, no O Jornal de Montes Claros, quando, em 1972 segui o rumo seguido por outros amigos de então, quando a cidade parecia pequena para comportar a quantidade de sonhos sonhados, muitos deles realizados.

Nicomedes foi meu preferido beque central quando atuou no time titular do Cassimiro de Abreu, onde joguei no juvenil, que teve a audácia de enfrentar, no estádio General Severiano, no Rio de Janeiro, o juvenil do Botafogo, quando Ferreti estava se despontando. Revi de memória, a classe, a elegância e a firmeza como Nicomedes atuava. E pelo seu aspecto físico, ainda está em condições de atuar, se achasse por bem.

Wanderlino Arruda foi meu professor de Português, na Escola Normal Professor Darcy Ribeiro, quando havia o curso científico, na Avenida Mestra Fininha, mãe de Darcy e Mário Ribeiro. Já naquela época, ele publicava artigos no JMC e certamente influenciou a minha carreira jornalística porque desde sempre me espelhei nos melhores exemplos. Se ainda não correspondi ao aprendizado oferecido, eles nada têm a ver com isso, a culpa é todinha minha.

Roberto Amaral também foi meu professor no curso científico. Professor de Biologia. Eloquente, ele sabia e ainda deve saber lidar muito bem com a técnica de ensinar o porquê das coisas, como o fato de os humanos serem pluricelulares, dotados de 10 trilhões de células, enquanto as bactérias são unicelulares.

Flávio Corrêa Machado, embora já o conhecesse desde menino, há pouco tempo iniciei convivência com ele no âmbito do Facebook. Sabia ser ele um dos filhos de Geraldo Bilé – Geraldo Corrêa Machado – um dos mais respeitados médicos de Montes Claros, uma pessoa que tinha ouvidos para ouvir as mazelas do próximo. Agora, indo para Grão Mogol, mais perto da nossa terrinha, vamos nos encontrar mais amiúde.

Márcia Vieira, jornalista, integrante da assessoria de imprensa da Prefeitura de Montes Claros, responsável pelo blog “Márcia Vieira Yellow” conheci por meio do Facebook. De amiga virtual, pudemos, enfim, nos conhecer pessoalmente, ela que é um dos valores da safra atual dos jornalistas de MOC, dotada de “faro da notícia”.

O reencontro com essa turma, o cronista Raphael Reis incluído porque chegou depois, foi proporcionado por Lúcio Bemquerer, de Grão Mogol, montesclarino por aclamação, há muito tempo homenageado com o título de “cidadão honorário”. Lúcio, para os que ainda não sabem, deixou o ritmo acelerado de vida em Belo Horizonte para retornar à terra natal, onde criou o maior presépio do mundo chamado Mãos de Deus.

O presépio, inaugurado em 2012, já foi visitado por mais de 50 mil pessoas, gente da região, do Brasil e do exterior. Recentemente, Lúcio recebeu do Papa Francisco uma carta com Bênção Sacerdotal para ele, a família dele, o presépio, para todas as pessoas que lá estiveram e estendida a todos que ainda irão contemplar a beleza da obra, sem igual no mundo, e, principalmente, sentir o magnetismo irradiado às pessoas de fé cristã, ateus e agnósticos. Ninguém sai dali a mesma pessoa, tamanha a intensidade da emoção e dos arrepios.

Reencontrar esses e outros amigos gerou na alma e na memória a sensação de que tudo se deu ontem, tamanha a relatividade do tempo. Agora, com a devida vênia de todos, irei para o retiro de Grão Mogol, onde a outra metade da vida me aguarda. Levo duas mochilas. Uma nas costas, cheia de passados – bons passados, digo de passagem – e a outra abarrotada de sonhos passivos de se tornarem realidade porque dormitam no coração.

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