VIOLÊNCIA NÃO NOTIFICADA

A violência não é notificada

Márcia Vieira
Repórter
P/ O NORTE


Em Montes Claros, a defensora pública Maiza Rodrigues Silva, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento de Violência Contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública Estadual, destaca que cerca de 60 mulheres são atendidas mensalmente na unidade. Na maioria das vezes, a agressão parte de ex-companheiros.


Entretanto, a Lei Maria da Penha acolhe a mulher em todo o âmbito de relações interfamiliares que incluam o “exercício de poder”.



Para Maiza, a obrigatoriedade da notificação representa avanço, já que na maioria das vezes, quando a mulher chega ao hospital com alguma lesão, ela encontra alguma justificativa para disfarçar a agressão.



O trabalho de atendimento à mulher agredida é feito em rede e inclui, além da Defensoria Pública, a Polícia Militar, delegacias e promotorias. Embora tenha crescido, o número de notificações fica aquém da realidade. A defensora explica que diversos fatores contribuem para isso. “Dependência econômica, filhos e a própria sociedade patriarcal, são fatores que pesam na decisão da mulher de não fazer a notificação ou de não sair da relação. Algumas permanecem 50 anos dentro de uma relação nociva, por medo de ficarem só”, diz.



Para a defensora, de cada dez mulheres, nove já sofreram algum tipo de violência. “Se não a física, a violência moral e psicológica que é mascarada, velada e está por trás de atitudes machistas”, complementa.



Ainda segundo a defensora, as mulheres mais jovens são as que mais procuram o órgão e os registros de agressão aparecem principalmente durante a noite e nos finais de semana, momento em que os companheiros permanecem em casa. “É preciso fomentar a Lei Maria da Penha nas escolas e na sociedade, para que mais pessoas rompam com esse comportamento”. (MV)

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