TEXTO CONVIDADO: LUCIANO MEIRA

TEXTO CONVIDADO: 
LUCIANO MEIRA

Investidor Fotocopia

Luciano Meira (*)

Nos períodos de dificuldade econômica, todos precisam, mas os empreendedores precisam muito mais ficar de olho nos fatos. Costumam se deparar com grande número de pontos comerciais fechados e a preocupante placa de “aluga-se”, a marca do mau tempo no comércio.

Quando pretende empreender, é natural que o investidor queira saber quem será seu consumidor final. Precisa conhecer os produtos comercializados, entender de estoque, e organização interna, porque somente assim, terá confiança no seu negócio.

Para vender bem, após o consumidor ser conhecido, o vendedor focará no consumo dos produtos, sabendo a movimentação do mercado, para garantir boa aceitação popular da sua marca.

Em Montes Claros, muitos casos de insucesso das micro e pequenas empresas são consequências do “investidor fotocópia”, aquele que não se preocupa com o consumidor, e sim, com o aparente bom faturamento do concorrente. Ao menor sinal de boa venda, copia o negócio do outro, sem lhe adicionar nada.

A ganância para ter um resultado financeiro rápido leva o investidor que copia, a não conhecer o mercado, que poderá estar saturado. Nos últimos dez anos, em Montes Claros, muitas iniciativas de vendas no varejo começarem bem e, em pouco tempo, encerrarem suas atividades.

Foram muitos casos de fracasso, como máquinas de sorvete na rua, milk shakes (2008 a 2009), açaí, hamburgueria, pamonha e salgados, que tiveram um pique de vendas, um verdadeiro boom, quando as empresas começaram, e de um momento para outro, acontecer a derrocada. Havia demanda, porém a oferta era excessiva, com a respectiva saturação. 

No momento, o foco do “investidor fotocópia” é o segmento de bijuterias, que infestou o comércio, estabelecendo-se em pontos bons e de aluguel “salgado”. Com a existência de lojas próximas e do mesmo ramo, surgem promoções, numa guerra para angariar clientes.

O objetivo não é fidelizar o consumidor, e sim apenas vender, pois estes comerciantes não usam da inovação, não agregam valor aos seus produtos, e, mesmo sem margem segura de lucro, dão descontos como válvula para compensar a inexistência dos já citados atributos comerciais. Como as bijuterias são produtos importados, os compradores acreditam fazer um bom negócio.

Como o primeiro objetivo é copiar o ramo do outro, cria-se um ambiente de marcha à ré, com sucateamento do negócio. Somente com a inovação teremos um ambiente de transação comercial salutar e um público consumidor autêntico. Apenas a estratégia do baixo preço, obviamente compromete a lucratividade do comércio, podendo até acabar com ele.

Na lista dos insucessos do passado, existiram as lojas de um real e as empresas de empréstimo para aposentados. No segmento de salgados, da atualidade, os carrinhos ambulantes estão com os preços mais competitivos que as lojas montadas. Fazem um investimento médio de $ 120.000,00, e, com o fracasso, perdem o capital investido.

A orientação econômica junto às micro empresas, função da Prefeitura, através de uma determinação do Prefeito e seus secretários melhorariam o desempenho financeiro na cidade. Um bom gestor deveria orientar essas empresas, um gasto pequeno, considerando-se os ganhos com o crescimento e movimentação econômica. A grave omissão do poder público contribui para a falência de empresas incipientes, e o consequente sumiço do dinheiro circulante, um fantasma visto apenas no começo de cada mês.
 ( * ) Consultor e Diretor da LD Consultoria 

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