CASAMENTO BUDISTA: O QUE e COMO É:
O
blog assistiu recentemente a uma cerimônia de casamento Budista. Foi a
primeira do tipo realizada em Montes Claros. Aconteceu no ginásio do
SESC. Soubemos que há um grupo praticante da filosofia, que se reúne
periodicamente na cidade. Muitos dos membros estiveram presentes à cerimônia que
uniu Elza Gomes e Roberto Coutinho, praticantes do budismo. Convidamos um deles para falar sobre a cerimônia.
Com a
palavra ANNE ALMEIDA, consultora de marketing e projetos, budista há 8
anos:
O Budismo é uma religião humanista e a Soka Gakkai (ONG) é
uma sociedade de criação de valores através da prática do Budismo de Nitiren
Daishonin que segue e propaga o último ensinamento do Buda Siddarta Gautama – o
Sutra de Lótus.
No budismo não existe pecado, apenas a lei da causa e efeito
– a pessoa sofre as consequências das suas próprias atitudes e escolhas na
vida. A nossa filosofia (religião) prega o potencial ilimitado de todo ser
humano e o direito deste a felicidade. Propaga o respeito à vida na sua
totalidade e amplitude e ensina que todo e qualquer ser vivente pode se tornar
um Buda – alcançar a iluminação.
No Budismo, o casamento é considerado uma opção pessoal, um
compromisso interno de cada um, e não um dever religioso, não é um sacramento e
sim uma comemoração a união de dois seres humanos.
Com base na filosofia humanista de Nitiren Daishonin, a
cerimônia de casamento budista é celebrada por alguém que o casal escolhe, uma
pessoa que seja importante na vida deles e que tenha a base da filosofia sólida
para dirigir as orações e proferir algumas palavras de cumprimentos aos noivos.
“Assim, a cerimônia se torna muito especial, envolta pela consideração e
carinho tanto do celebrante quanto dos noivos”, diz Silvana Vicente, da
Associação Brasil SGI (BSGI).
Os noivos sentam se a uma mesa colocada no centro e os pais
e padrinhos nas duas mesas laterais, a frente da mesa central fica o celebrante
e o oratório budista (butsudan), dentro do oratório, o pergaminho Gohonzon (
mandala budista).
No oratório temos alguns elementos significativos:
Velas – simbolizam a sabedoria do Buda porque iluminam a
escuridão.
Flores ou Ramos verdes – simbolizam a eternidade da vida.
Incenso – simbolizando a gratidão.
Frutas – simbolizando a prosperidade para todos os seres.
A cerimônia de casamento no Budismo de Nitiren Daishonin é
composta da realização do Gongyo – que literalmente significa “prática
assídua”– e consiste na recitação dos 2º e 16º capítulos do Sutra de Lótus,
seguidos da recitação do Nam-Myoho-Rengue-Kyo – mantra do Sutra de Lótus que
tem a função de nos sintonizar com a energia do universo. Tudo vibra e tem um
ritmo no universo, que deve ser o nosso também.
Segue-se, então a cerimônia do San San Kudo uma tradição
milenar japonesa cujo nome significa “três-três-nove vezes”. Três taças são
levadas aos noivos, uma de cada vez.
Cada taça é usada três vezes: a primeira taça é usada pela
noiva, depois pelo noivo, e novamente por ela, vice-versa com a segunda taça, e
assim por diante. Os noivos fazem menção de beber duas vezes, e, na terceira,
tomam todo o conteúdo. Na cultura japonesa, o número 3 significa boa sorte e o
número 9 a aspiração à máxima boa sorte. A primeira taça simboliza gratidão, a
segunda juramento, e a terceira o desejo de prosperidade.
Nesse momento, todos, ainda que possuam outras religiões,
podem dirigir sua energia ao casal, determinando a felicidade permanente e
indestrutível do mesmo, e que suas vidas sejam dedicadas a conduzir toda a
humanidade ao caminho da felicidade.
Após, os noivos trocam as alianças em silêncio, e os
convidados os parabenizam batendo palmas. Em seguida, o brinde se repete,
incluindo também os pais e padrinhos.
Por fim, os noivos se beijam e a cerimônia se encerra com as
palavras de felicitação do celebrante e com a recitação do Nam-Myoho-Rengue-Kyo três vezes."
O casamento é um juramento interno que cada um faz de apoiar
a revolução humana do parceiro, fazendo com que este manifeste o seu mais alto
potencial nas relações humanas e sociedade.
“O homem é como o pilar, a mulher, como a viga mestra. O
homem é como as pernas de uma pessoa, a mulher, como o tronco. O homem é como
as asas de um pássaro, a mulher, como o corpo. Se as asas e o corpo ficarem
separados, como o pássaro poderá voar ? E, se o pilar tomba, a viga com certeza
cai no chão.
Um lar sem um homem é como uma pessoa sem alma. Com quem
poderá discutir questões de negócios, e a quem poderá servir bons alimentos?
Ficar longe de seu marido por um simples dia ou dois é motivo de inquietação”.
Nitiren Daishonin.
Nota: O blog agradece a budista Anne pelas explicações e espera ter levado a vocês um pouquinho do que é a filosofia. Para os casadoiros, fica a sugestão. É tudo lindo, bom pra assistir e partilhar da felicidade do casal, mas o blog avisa que continua em defesa do celibato. Bjos, leitores!
Fotos: Márcia Vieira