18h49:
após um primeiro apagão, quando a luz voltou, fraca, instável ocasionando a
queima de lâmpadas na residência, veio o segundo. Escuro total. Telefonei para
a CEMIG. Depois de muito explicar que eu não poderia ter o código em mãos, já
que estava no escuro, a atendente resolveu "me localizar" (uma
gentileza que eles não fazem todos os dias, olha que meigo!), pelo endereço.
Surpresa,
disse-me que a empresa não tinha conhecimento da falta de energia. Expliquei
que a falta de luz atingia no mínimo 3 bairros, pois de onde eu estava podia
avistar e que o problema não era apenas local, mas ela insistiu que um técnico
viria a minha residência e que eu "deveria estar apta a atendê-lo,
facilitando o acesso" (isso significa tatear no escuro e abrir o portão ao
visitante desconhecido). Não me dei por vencida e ela passou a ligação para um
supervisor, que também não sabia da falta de energia que acometeu a maior
cidade do Norte de Minas por pelo menos 40m. A bateria do celular acabou e a
ligação foi interrompida.
Na
segunda tentativa, usando outro aparelho, passei o número de protocolo, que por
acaso decorei, já que não sou especialista em escrever no escuro. A atendente,
incomodada com as minhas reclamações, desligou o telefone e disse que estava
encerrando a ligação por "falta de comunicação". Explico, caros
leitores, vítimas como eu, da única concessionária do estado (com e minúsculo
mesmo, dada as circunstâncias) para a nossa região: falta de comunicação para
os robóticos atendentes (coitados, eles não são culpados. São treinados para
dar respostas automáticas), é quando você contesta as explicações fajutas e
decoradas fornecidas pela operadora.
Não
desisti. Na terceira tentativa, uma outra, desta vez simpática, também revelou
não saber explicar o apagão. Falou que a primeira reclamação originada de
Montes Claros foi registrada às 19h15 (como, se eu liguei às 18h49?). Trocando
em miúdos a situação é assim: se ninguém ligar, a empresa, tão evoluída e que
se orgulha de ocupar posição privilegiada no índice "Dow Jones" (veja
o que eles divulgam: “Cemig completa 10 anos consecutivos de participação no
Índice Dow Jones e se mantém como a única empresa do setor elétrico da América
Latina a fazer parte desse Índice desde sua criação”), não fica sabendo que
está falhando. E uma cidade, cuja população é calculada por alto em torno dos
500 mil habitantes, fica à mercê da sorte, ou da iniciativa de uns poucos, que
ainda tem fôlego pra brigar.
O
que resta à população e que, óbvio, deve ser feito, é requisitar a cópia das
gravações, pra que possa judicialmente provar o que foi dito, que foi mal
atendida, que nem mesmo os funcionários sabem o que está acontecendo e que
muito provavelmente a CEMIG vem agindo de modo a fraudar os clientes. É bem
possível que esteja acontecendo um rodízio de energia sem o conhecimento prévio
dos consumidores. FIQUEMOS ALERTAS!
É
necessário ainda que a ANEEL tome partido dos consumidores e reveja as regras
impostas pela empresa. Como é possível passar um n° de cliente em plena
escuridão? E como é possível anotar número de protocolo na mesma situação?
Somos nós que devemos facilitar a vida da CEMIG ou é a CEMIG que deve facilitar
a nossa vida? Que se arrume uma maneira justa e adequada de atendimento,
pois quando se trata de fazer cobranças eles localizam rapidinho qualquer
cliente. Estranha contradição. Pra quem figura há tanto tempo no DOW JONES e
usa slogan se gabando de ser a melhor, deveria ser constrangedor.
Fica uma sugestão: pela quantidade de apagões dos quais temos sido vítimas (e nenhuma explicação razoável, repito), podemos andar com as contas de energia penduradas ao pescoço, acopladas ao kit: velas e caixa de fósforos e/ou lanterna.
Fica uma sugestão: pela quantidade de apagões dos quais temos sido vítimas (e nenhuma explicação razoável, repito), podemos andar com as contas de energia penduradas ao pescoço, acopladas ao kit: velas e caixa de fósforos e/ou lanterna.
Nota: e a energia só foi restabelecida depois de aproximadamente 40m. A empresa não vem a público dar uma explicação, como sempre!
Texto: Márcia Vieira