CONFISSÕES nada ADOLESCENTES -1
Por Márcia Vieira Yellow
Por Márcia Vieira Yellow
Se chegou até aqui pensando em ler algo picante, desista da
leitura. Coisas "intimamentepicantes"
não se publicam. Se chegou até aqui pensando em ler alguma coisa peculiar de
“amor”, desista também, ainda dá tempo. Por aqui não verá coisas do tipo.
Coisas do amor são ditas apenas ao amor. Se você é ele, já sabe o que precisa
saber e o que não precisa também. Se não é ele, nada que se refira ao assunto pode
ser da sua conta!!! Contente-se com o que digo/escrevo. Já é muito, para
pessoas discretas.
Ah, me esqueci. Isso
quase ninguém mais sabe o que é, não? De fato, o mundo trocou de moeda,
de rumo, de assunto, de gosto e até de desgosto! Canalizou-se e banalizou-se!
Tudo para o mesmo ponto, tudo ao mesmo lugar comum. É a era do mau gosto, dos
excessos, da deturpação, da corrupção das palavras. Exemplo? Só algumas, pra começo de conversa: fashion,
glamour e até a antes restrita “bacana”, que era tão bacana!!! Hoje, acredite,
se for comprar alguma coisa e alguém disser que é “fashion”, desista da compra.
É um bom conselho. De graça! (já sei: você está pensando que não existe nada de
graça no mundo, né?! Existe sim. Lembre-se: “fora da caridade não há salvação!”).
E "glamour", que nasceu na Escócia, foi difundida (palavra e atitude) pelo cinema
americano e literalmente era pra corresponder à requinte, ganhou nova roupagem
, cuja representação exata e mais conhecida da distorção a qual foi submetida,
é a do personagem de “Zorra Total” , que
usa o bordão “tô pagaando!!!” Já bacana, que era “interessante, legal, etc”,
ficou assim, usual, banal, destituída de sentido.
Alusões
ao mundo da moda apenas como exemplo, porque ela, a
moda, é só um reflexo do seu tempo. Retrata comportamentos e como tudo o
mais, está carregada, promíscua, misturada, sem identidade
ou com uma identidade altamente comprometida com a vulgaridade, no seu
sentido
mais exato. Porque elegância é o antônimo de vulgaridade. Não andam
juntas, não sobrevivem no mesmo espaço. União impossível.
Estupefata e chocada já não são sensações/expressões
cotidianas, visto que o cotidiano tem surpresas
a oferecer. Quando se imagina ter visto de tudo, ainda há algo para se
ver. E aí, o choque, a estupefação, não se encaixam. Seria necessário algo
maior para descrição precisa da barbárie visual, emocional, comportamental.
“Uma
coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Bons
tempos aqueles, quando corriqueiramente fazia uso da expressão. Bons
tempos aqueles, quando o excesso era apenas de idéias, quando idéias
recebiam acento
(gráfico) e assento (repouso) nas mentes emotivas, criativas, de bom
gosto
(porque embora gosto seja particular, o bom é bom em qualquer pairagem e
o mau
é visível e risível, aqui ou no Nepal, independentemente de culturas).
Pessoas
se encharcavam de emoção, espontaneidade, naturalidade, todas afins e de
mãos
dadas com o respeito. Digo agora, sem
receio de equívocos, que a expressão inicial do parágrafo, deve ser
substituída
por “uma coisa leva à outra coisa”. A somatória dos excessos desagua no
que
está aí: tudo é permitido, tudo é possível, tudo é descartável.
Espalhafato e
frivolidade vendidas como plausíveis, necessárias, e pasmem: originais!
Bem, e esta é uma outra palavra que foi desvirtuada, mas o
álibi é que tanto pode significar “distinto”, quanto “bizarro”, e as duas, como
se sabe, tem aplicações diferenciadas, praticamente contrárias. Ao que tudo
indica, o excesso não atingiu o seu ápice. Ainda teremos surpresas,
desagradáveis, diga-se de passagem. “Nada é tão ruim que não possa piorar!”
Arrisco dizer que ousadia é andar na contramão. E aí,
tiro o chapéu pra um “amigo-inimigo-amigo-inimigo-amigo”, que lucidamente
prega:”quando todo mundo caminhar numa direção, faça o contrário”. Este é o
meu lema, não para inverter a máxima “pra que complicar se posso
descomplicar?”. É porque “apreciar o
simples que de tudo emana” é saúde mental, é conforto emocional.
E merece um beijo quem não se curva às imposições, modismos e temporariedades. Outro beijo, para quando/quem as regras são unicamente as do coração, traçadas ao largo do apocalipse, sãs e salvas do alvoroço. “E que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca, porque metade de mim é o que grito e a outra metade, silêncio!”