SIMONE DE BEAUVOIR (imagem do site: fisiogerontologica.blogspot.com.br) |
Hoje é dia de homenagear a filósofa/escritora francesa SIMONE de BEAUVOIR, falecida em 14 de abril de 1986. Figura representativa do século xx e autora, entre outras obras, do livro-marco do feminismo: "o segundo sexo", obra que desvenda o papel da mulher na sociedade e que desconstrói mitos femininos. Simone percebeu muito jovem que a feminilidade não passa de uma criação masculina que permite aos homens dar continuidade à opressão exercida sobre as mulheres. Nascida numa família burguesa, rejeitou o papel de subserviência destinado às representantes do sexo feminino. Ciente da sua condição de ser igual e pensante, Beauvoir tomou as rédeas de sua vida e inspirou outras feministas que surgiram depois. Seu pensamento demonstra que é pouco provável que uma mulher instruída se submeta à regras sociais e jogos de sedução.
BEAUVOIR e SARTRE (imagem site: veja.abril.com.br) |
Em 1929, na Sorbonne, conheceu o pai do existencialismo, JEAN PAUL SARTRE e com ele, manteve, até o final da morte do escritor, em 15 de abril de 1980, um dos romances mais admiráveis da história, livre de estereótipos, baseado na cumplicidade e honestidade. Embora alguns biógrafos desdenhem ou queiram imprimir a esta relação uma definição de falha no modelo desenvolvido, talvez até sofrida para ambos, é certo que no frigir dos ovos, foram felizes em sua vida amorosa e parceria intelectual, incompreensível evidentemente, à olhos comuns e mente humana alienada que não se põe a pensar. BEAUVOIR e SARTRE vivenciaram uma maneira peculiar de relacionamento, seguindo as suas próprias regras.
Inspiraram um ao outro e deram, especialmente à literatura, inegável contribuição. Uma das muitas escritas sobre o romance dos dois, diz:" Conheciam-se profundamente, podiam ironizar à vontade em relação a si próprios e tinham um pacto: o seu relacionamento nunca se basearia num hábito. Juraram um ao outro “amor essencial”, guardando no entanto a prerrogativa de levarem a cabo 'relações amorosas de contingência'."
SIMONE de BEAUVOIR ensinou muitas mulheres a pensar, a sair dos padrões e se reconhecer como ser único, individual. Como todos que se propõem ao desafio, sentiu o peso da liberdade. Buscou, encontrou, sofreu, chorou e embora mantivesse um relacionamento honesto, não se livrou de ciúme, inseguranças e frustrações. A diferença, é que quebrava tabus, corria riscos e mergulhava nas incertezas, ao invés de repousar na comodidade de relacionamentos frívolos e mornos. Daí que muitos escritores que a analisam, que escrevem sobre a sua literatura e modo de vida, não se aproximam da sua essência e existência ousada, séria, precisa e produtiva. Simone ainda hoje, 25 anos depois de partir, incomoda a quem gosta de respostas prontas e teme o auto-questionamento/conhecimento.
Faleceu em 14 de abril de 1986, seis anos depois de Sartre, mas quase num mesmo dia. Ela 14, ele, 15 de abril. Foram sepultados juntos, no cemitério de Montparnasse, na França.
Túmulo de BEAUVOIR e SARTRE (imagem do site: www.educadores.diaadia.pr.gov.br) |
"Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade" (S.de B.)
"Querer-se livre é também querer livre os outros". (S. de B.)
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