Constituição
mais acessível a cegos
Associação recebe doação de
vereador. Carta Magna para
deficientes visuais conhecerem melhor leis e
direitos
Márcia
Vieira
Repórter
P/ O NORTE
Os deficientes visuais de
Montes Claros que ainda não tinham acesso à Constituição Federal e à
Constituição do Estado de Minas Gerais têm motivos para comemorar. A Escola do
Legislativo de Montes Claros doou exemplar em Braille ao gabinete do vereador Valcir
Soares, que foi imediatamente repassado à Associação dos Deficientes de Montes
Claros (Ademoc). “A Constituição vem permitir que mais pessoas tenham acesso
aos seus direitos”, disse Valcir Soares.
De acordo com o vereador,
presidente de honra da entidade, a Ademoc já possui em seu acervo alguns livros
como o Estatuto de Direito da Pessoa com Deficiência, a Bíblia, e outros de
literatura.
O Braille é o sistema de
leitura e escrita baseado em 64 símbolos em alto relevo e utilizado universalmente
pelos deficientes visuais. O sistema foi criado pelo francês Louis Braille em
1824 e no Brasil começou a ser utilizado em 1864. Dados do IBGE, de 2010,
apontam que no país, mais de 6,5 milhões de pessoas têm alguma deficiência
visual.
Para Sivaldo Ribeiro Santos,
professor de filosofia e presidente da Associação dos Deficientes Visuais de
Montes Claros (Adevimontes), o item é fundamental na educação dos deficientes,
que hoje gira em torno de 200 na cidade. “A inclusão social acontece quase sempre
por via eletrônica, mas o exemplar impresso é importante para quem não tem
acesso eletrônico. A defesa dos direitos começa pelo conhecimento. O Braille é
e sempre será para nós, ‘o método’”, diz Sivaldo.
O professor vê a
Constituição como leitura obrigatória e revela ter participado, por meio de
movimentos sociais, de muitas emendas que foram incluídas na Constituição de
1988. “A constituição era pra ser de gabinete, sem a participação popular,
porém, com os movimentos conseguimos avanços e a inclusão de minorias. Minha
única tristeza é saber que hoje estão mexendo em causas pétreas e
desconfigurando a Constituição”, declara Sivaldo.
O professor sugere ainda que
um exemplar da Constituição seja encaminhado à Biblioteca Pública Municipal,
onde a frequência e necessidade dos deficientes é alta.
Atualmente, o Senado Federal já disponibiliza
cerca de 100 títulos em braile, entre eles a Constituição, o Código de Defesa
do Consumidor e o Estatuto da Criança e do Adolescente.