Enquanto
houver lata e cabeça, o título retrata a realidade nossa de cada dia,
da gravidade nua da seca que estamos vivenciando. Na semana passada
tivemos uma reunião da Câmara Técnica de Infraestrutura do CODEMC -
Conselho de Desenvolvimento de Montes Claros, na qual foram apresentados
os dados preocupantes sobre o abastecimento d’água da cidade.
Para
nosso espanto, não estiveram presentes o Prefeito ou representante do
município que explicasse como será resolvido o problema. Os deputados e
vereadores também se ausentaram, porque falta d’água “não é com eles”.
Das entidades de classe estava presente apenas a ADENOR, na pessoa do
seu presidente Pávilo Miranda.
A
ONG Vidas Áridas mostrou um parecer da promotoria pública do meio
ambiente, que menciona o risco do Rio Pacuí secar completamente caso
seja usado para o abastecimento de Montes Claros. Tal uso prejudicaria a
população de vários municípios, entre eles o de Coração de Jesus, já
que é usado na agricultura familiar.
A COPASA apresentou o Projeto do Rio Pacuí, ordenou a execução e deu o assunto como concluído.
Um
corpo técnico de diretores de empresas e indústrias estabelecidas na
cidade, entre elas, a Nestlé, assistiu preocupado a apresentação sobre o
abastecimento de água, e após conhecer melhor o fato, exigiu
aprofundamento dos estudos hídricos.
Todos
os planejamentos que devem contemplar Montes Claros, segundo técnicos
do Banco Mundial, devem levar em conta a previsão de Montes Claros poder
dobrar sua população a cada dez anos.
A
COPASA, há mais de quarenta anos na cidade, apresenta pela primeira
vez, depois da conclusão da barragem de Juramento, cuja previsão
supriria a cidade somente até o ano 2000, esse projeto do Rio Pacuí.
Montes
Claros tem cinco projetos para atender o abastecimento de água com
respectivos orçamentos: Projeto do Rio Pacuí, 135 milhões, Projeto
Jequitaí, 188 milhões, Projeto Ibiaí, 212 milhões, Projeto Congonhas,
285 milhões e Projeto Jaíba, 542 milhões de reais.
O
mais viável financeiramente é o Projeto do Rio Pacuí, mas atenderá
nossa necessidade apenas em curto prazo. Falta a visão de futuro, a qual
aponta o Projeto Jequitaí como àquele que nos atenderia nos próximos
vinte anos.
Segundo
informações apresentadas pela Copasa, os recursos serão da empresa.
Onde está a contrapartida dos Governos Federal, Estadual e Municipal?
Nesse ponto observarmos como a nossa classe política é omissa e finge
com suas audiências públicas, que enganam a opinião popular.
Nas
repartições e nas escolas, os banheiros já são controlados por causa da
falta d’água. O resto da cidade está, igualmente, em racionamento, com
todos de ouvido atento a cada descarga dada.
A
população anda a procura de alguém para resolver seu problema, e a cada
dia o racionamento vai se apertando. A Copasa procede apenas como
empresa preocupada com seu lucro, mas a população precisa acordar para
cobrar ações mais eficazes.
Se
nossa cidade é um pólo de conhecimento, porque não temos outras
alternativas hídricas? Onde estão nossos técnicos, nossos professores?
A
Cidade de Cristalina-DF, há trinta anos investiu no conhecimento e em
novas tecnologias do aproveitamento da captação de água, e hoje é um
exemplo para o País. Tem o segundo maior PIB do Brasil (na área
agrícola), e apresenta um desenvolvimento inovador na agricultura. E o
que dizer de um país como Israel, de território minúsculo, em constantes
conflitos, e encravado no deserto? Temos muito a aprender.
Prefeito,
você não pode ficar “sabugando” na Prefeitura! A questão do
abastecimento de água na cidade é uma emergência. As microempresas e as
indústrias, assim como toda a população querem uma resposta.