CONFISSÕES nada ADOLESCENTES -8
....E MUITO TRISTES....
QUE PENA ....
Por Márcia Vieira Yellow
Que pena mesmo, ver o BRASIL torcer contra o BRASIL. Não acredito numa virada, depois de 4
gols do adversário, mas o que me causa uma estranha sensação de que
ultrapassamos todos os limites de humanidade, de dignidade, é ouvir o
barulho incessante dos foguetes próximo de onde estou. Não são alemães,
nem estrangeiros de outras plagas que se alegram com uma provável derrota. São BRASILEIROS!!! SÃO MESMO? SERÁ?!
Ver brasileiros fazendo ligações entre copa e política. Ver que torcem contra o próprio país,
com receio de isso levar à vitória da atual presidente. Que razões são essas? Certamente que
não são “razões do coração”.Onde foi que erramos? Como escreveu Affonso Romano de Sant’Anna, “Que
país é este?”...
O que é que torna tão difícil se irmanar com os mais próximos,
como por exemplo é a Argentina, e tão fácil torcer para quem está distante? Porque é tão
difícil ajudar quem está ao lado e tão fácil ajudar quem não nos incomoda? Nunca entendi este jogo da vida. Desde
criança, minha segunda seleção é a Argentina. Primeiro, o meu país, depois a
Argentina, que está tão pertinho, que é uma vizinha. A lógica não seria essa?
Sou excomungada cada vez que abro a boca
para vibrar com a vitória dos sul americanos e confesso que não entendo, nunca
entendi e não sou obrigada a condená-los por um mal que nunca me fizeram. E
sim, gosto muito mais de Maradona do que de Pelé, porque enquanto o argentino
tem um defeito adquirido, que é o de se entregar à coisas nocivas, o nosso tem
um defeito de fábrica: o caráter. É um brasileiro defeituoso, mas tivesse sido
uma torcedora na época em que ele jogava, não torceria contra o Brasil apesar
disso. Triste estou. Muito triste. Pela
seleção brasileira. E muito mais pelos torcedores, que acham necessário a
tristeza dos outros pra sentirem alegria. Torci para o meu país. Sou brasileira, sim senhor. E não tenho vergonha disso, embora me envergonhe da atitude de muitos deles. Continuo sendo brasileira com muito orgulho, com muito amor. E vou continuar torcedora da seleção, seja quem for o técnico, seja quem for o goleiro ou até mesmo se um dia os jogadores forem oriundos do cruzeiro. Se é seleção, eu torço. Se é meu país, eu torço. E vou continuar lutando por ele. Usando a minha voz pra que a injustiça seja exterminada e que a justiça chegue um dia.
P.S.: é interessante deixar registrado que apesar deste meu coração
mole, não sou santa, tá? Tenho desafetos. E a estes, pouquíssimos, irei
sobreviver para vê-los em praça pública arrepender-se dos seus pecados. E
todos são brasileiros. Provavelmente estão aí nesta torcida do contra, porque
eles são contra tudo que é honesto, humilde, humano e necessário! Bem, não me
assustaria se fossem os autores do foguetório, afinal, espetáculo é com eles
mesmos! Combatê-los, faz parte da luta!!!
