sexta-feira, 3 de abril de 2020

SOLIDARIEDADE CONTAGIA


Campanhas para arrecadação têm feito a diferença durante quarentena

Márcia Vieira
O Norte
03/04/2020 - 00h26



Em tempos de pandemia, a solidariedade salva vidas. E, muitas vezes, a união de forças começa com um chamado solitário, mas determinado. “Uma andorinha só faz verão, sim”, lembra a advogada Elaine Xavier, que iniciou uma campanha de arrecadação de cestas básicas para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social, agravada nos tempos atuais.
Apenas três dias de campanha foram suficientes para mostrar que a solidariedade contagia e arrebanha outras andorinhas.
“Uma amiga falou de uma família no bairro Carmelo onde a mãe foi acometida pelo câncer de mama e o filho descobriu uma leucemia. Ao chegar nesta casa vi que não tinham nada para comer. Montamos uma cesta básica com alimentos ricos em nutrientes e a partir daí resolvi fazer campanha para arrecadar alimentos, pois tem muitas outras famílias na mesma situação”, relata.
Elaine recebeu até agora 82 cestas básicas. Ontem, conseguiu entregar 20 delas no bairro apelidado “Coberta Suja”, região do Distrito Industrial.
Trabalhadores informais que vendem alimentos nas ruas têm merecido atenção também. Caso do sr. Orestes, que vende balas no trânsito, mas tem sofrido com a falta de movimento. Ontem, ele ganhou uma cesta da freguesa habitual.
“Ele não tem outra atividade, não conseguiu se aposentar. É ali na rua que ganha o sustento. Quando o chamei, ele me revelou que desde às 7 da manhã estava na rua, mas não tinha conseguido fazer sequer uma venda. E ficou muito feliz com a cesta”, diz a advogada, que durante a entrevista recebeu mais uma cesta, doada por Mateus Elias Costa.
“Se todo mundo ajudar nesta situação que estamos passando agora, no final das contas, acabaríamos contribuindo com muitas pessoas. A gente tem pouco. Mas com esse pouco, pode salvar muita gente”, disse Mateus. 
MAIS TROCAS
Profissionais que estão na linha de combate à Covid-19 e outras enfermidades também se organizam em redes solidárias. E retribuem, usando o pouco tempo disponível para propagar a ideia e estendê-la ao máximo de profissionais. Caso da nefrologista Tatiana Vieira Carneiro.

“Atendemos pacientes de hemodiálise em mais de um hospital e eles vêm três vezes por semana. Estes estão mais suscetíveis ao Covid-19 em razão da baixa imunidade e mesmo se forem contaminados, não podem interromper o tratamento. Essa campanha é muito válida porque precisamos de material de proteção e a confecção de máscaras, capotes e outros itens que têm nos ajudado bastante”, afirma.
“Nesta ação temos encontrado apoio de muitas pessoas, como mototaxistas, que se dispõem a buscar os materiais e levar até quem confecciona”, diz, referindo-se à campanha “Ser Tão Solidário”. A campanha já arrecadou cerca de 500 máscaras que foram distribuídas em oito hospitais da região. 
E foi por meio da mensagem repassada pela médica que o casal Francisco e Raquel Ornellas soube da ação. “Fiz uma pequena colaboração e divulguei entre os meus amigos”, disse Raquel.
A servidora Soledade Oliveira integra a Associação de voluntárias de um hospital da cidade e revela que a busca por doações é permanente. Os pedidos foram intensificados.
 
AJUDEM!
“Não sabemos o que vem pela frente e quanto mais material, melhor. Ontem mesmo veio uma pessoa que tem confecção e se ofereceu para ajudar a fazer jalecos, toucas, lençóis e para isso precisamos dos tecidos que podem ser doados”, diz Soledade.

A psicóloga Christine Athayde também aderiu à causa. “Pessoas que conheço tem respondido à campanha e até mesmo se oferecido para ajudar no quê e como podem. Vejo que a solidariedade é a saída que muitos tem encontrado para lidar com o isolamento”, observa. 

VEREADORES QUEREM EMENDAS PARA COMBATE AO COVID-19


Vereadores sugerem ao prefeito o redirecionamento das emendas impositivas para o combate à Covid-19

Márcia Vieira
O Norte
02/04/2020 - 01h13



Vereadores de Montes Claros elaboraram documento que pede ao prefeito o redirecionamento das emendas impositivas para o combate à Covid-19. Cada vereador poderia indicar cerca de R$ 570 mil em obras e serviços de sua preferência. Com o aumento do número de casos suspeitos – eram 433 na manhã de ontem – e um possível colapso no sistema de saúde local, o valor deverá ser integralmente destinado às ações contra o coronavírus.
“Sugerimos a adaptação do local destinado à nova sede da prefeitura, antiga Coteminas, para o atendimento dos acometidos pelo coronavírus, como vem sendo feito em várias cidades pelo país. O valor que seria empregado em obras poderá ser usado para salvar vidas”, disse o vereador Ildeu Maia (Progressistas).
Outro ponto sugerido, que poderia funcionar como possível hospital de campanha, é a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Bairro Chiquinho Guimarães. “Estamos passando por um momento complicado e não podemos cruzar os braços. A UPA está pronta e pode receber as pessoas que precisarem deste tratamento. A prioridade é vencer esta batalha, que é de todos”, disse o vereador Valcir Soares (PTB).
Para o presidente da Casa, vereador Marcos Nem (PSD), “com a liberação será possível aumentar significativamente a disponibilidade de espaços que atenderão principalmente a população mais frágil e carente de Montes Claros”.
O recurso poderá ser utilizado também para compra de insumos como máscaras, álcool em gel, medicamentos e equipamentos, desde que voltados ao combate à Covid-19.
 
NOVO DECRETO
No início da noite de terça-feira, o prefeito Humberto Souto baixou novo decreto (Nº 4.015), desta vez, determinando critérios de atendimento nas agências bancárias, casas lotéricas e similares. Esses estabelecimentos já estavam autorizados a abrir, mas se tornaram locais de grande aglomeração, principalmente de pessoas idosas que vão ao banco receber aposentadoria.

Esta semana, diversos vídeos circularam na internet mostrando bancos na região central de Montes Claros com alta concentração de pessoas e sem o respeito à distância mínima permitida.
Pelo novo decreto, os bancos deverão agendar o atendimento de pessoas do grupo de risco, no qual estão incluídos os idosos e portadores de doenças crônicas, bem como gestantes e lactantes. No caso destas pessoas comparecerem à agência bancária sem prévio agendamento, elas deverão ser atendidas nos primeiros 90 minutos de funcionamento do estabelecimento.
A responsabilidade de organização e controle das filas fora das agências também é dos estabelecimentos. Neste caso, a distância mínima é de 1,5 metro e o chão, inclusive nas calçadas, deverá conter marcadores visíveis.
Para evitar a aglomeração de pessoas, atendimento presencial foi restringido e o comparecimento à agência deve ser feito apenas em situações emergenciais. Por fim, há a indicação de fornecimento de material de higiene e desinfecção individual em lugar de fácil acesso. 
O atendimento desta medida é por conta de funcionários e colaboradores dos estabelecimentos.
 
FISCALIZAÇÃO
Entre os dias 23 e 30 de março, o Comitê Fiscalizador de MOC recebeu 1.379 denúncias de locais que estariam funcionando sem a permissão ou infringindo os Decretos Municipais. 

Deste total, 900 já foram vistoriados. Foram apreendidos materiais de confecção clandestina, aplicadas multas, realizados fechamentos e dada orientação aos proprietários de estabelecimentos. O Procon contabilizou entre os dias 18 e 27 de março, quatro autos de infração e 15 atos de contestação.