Audiência pública conclui que combate
ao crack deve ser prioridade
Texto: Andréia Pereira
Foto: Wilson Medeiros
Droga de efeito rápido e intenso, o crack, que é obtido a partir
da mistura de pasta-base de coca ou cocaína refinada com bicabornato de sódio e
água, é capaz de levar o usuário a ser dependente quase que imediatamente, já
que a fumaça aspirada chega ao sistema nervoso central entre 8 e 15 segundos.
Seu efeito também é curto: dura de 5 a 10 minutos. Depois, as sensações são as
piores possíveis, o que faz com que o usuário queira estar sempre sob os
efeitos do entorpecente. Para debater o enfrentamento do crack e, também, de
outras drogas, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na
tarde desta terça-feira, 11, audiência pública em Montes Claros.
Entre os convidados compareceram os deputados estaduais Tadeu
Martins Leite e Vanderlei Miranda, que requereram a audiência, a chefe de
Gabinete do prefeito Ruy Muniz, Raquel Muniz, o vereador Cláudio Prates, o
secretário de Desenvolvimento Social, Franklin de Paula Silveira, o secretário
de Saúde, Geraldo Edson Guerra, e o delegado regional de Montes Claros, Giovani
Siervi Andrade, do 11º Departamento de Polícia Civil.
DROGAS E SEGURANÇA – Durante as discussões, foi comum a
confirmação de que falar sobre o crack não é só importante como necessário.
Segundo o secretário Franklin Silveira, 80% dos casos de homicídio em Montes
Claros têm ligação direta com as drogas, “tanto no que se refere ao autor do
crime quanto no que se refere às vítimas”.
O delegado Giovani Siervi confirmou essa informação ao mostrar que
só em 2013, em Montes Claros, já foram registrados 210 ocorrências de tráfico
de drogas. Trata-se de um número elevado que, segundo Franklin, revela que a
maioria dos crimes cometidos na sociedade tem alguma relação com algum tipo de
droga.
Muitos acreditam que o crack é uma droga barata. O deputado
Vanderlei derruba esse equívoco ao explicar que a droga se torna cara: “Uma
pedra de crack custa R$ 5,00, mas o usuário quer utilizá-la constantemente
durante o dia. Ele deve gastar de R$ 200 a R$ 300 por dia com a droga. E ele
consegue esse dinheiro muitas vezes cometendo crimes que levam esse usuário
para a cadeia, e prisão não recupera o usuário”. A explicação ajuda a
compreender que não é possível falar de segurança se não forem discutidas
medidas de combate às drogas.
PREVENÇÃO - Por esse motivo, segundo o deputado
Tadeu Martins Leite, é preciso discutir não só a repressão, mas principalmente
o trabalho de prevenção. E para realizar esse trabalho, faz-se necessário ter informações
e dados concretos sobre a situação dos usuários de drogas no município. “Não
temos nenhuma pesquisa que mensure os números em nossa região, mas segundo
dados que conseguimos coletar, são pouco mais de 100 vagas para tratamento
específico. É muito pouco para uma demanda atual de 3 mil pessoas precisando
ser internadas somente em Montes Claros e para um problema que só cresce”,
afirma o deputado.
A fim de buscar estratégias para contribuir na luta contra o crack
e em prol dos dependentes, a administração municipal quer ampliar o atendimento
aos usuários e às famílias. “Conseguimos quase 30 novos leitos que vão ajudar a
atender os dependentes”, informou o secretário de Saúde em Montes Claros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique à vontade para deixar seu comentário, sugestão ou crítica, desde que respeitados os limites e a linha do blog, de não exibir conteúdo venal ou ofensivo a quem quer que seja.Postagens anônimas não serão aceitas.Posts de outros autores não refletem necessariamente a opinião do editor.