CAPÍTULO ESPECIAL: IGREJA
É CANSATIVO... MAS NÃO SE PODE DESISTIR..
Por Márcia Vieira
É cansativo... ver por onde caminha a igreja local. É cansativo, mas não se pode desistir. De falar o que há, de dizer o que se sabe, de se manifestar.
É inaceitável, nos dias de hoje, ou a qualquer tempo e hora, ouvir e calar, ouvir e calar... Até quando, meu Deus?
E aqui uso o nome de Deus que brota do íntimo, do fundo do coração, naturalmente, sempre que a injustiça dá as caras, mostra as suas garras, o seu punhal, a sua face mais cruel, como que para perguntar o que fazer, diante da indolência de cidadãos que não se manifestam para dizer o óbvio, sempre ululante: política partidária não é papel do clero.
A história registra a interferência da igreja em diversas esferas, entretanto, a defesa da sociedade como um todo é papel de qualquer ser humano, seja clero ou indigente. O envolvimento partidário é outra história. Não senhores, não devemos nos calar e assistir a igreja reunir fiéis e usar o seu poder com coloração partidária, e neste caso, o vermelho é a cor que indisfarçadamente reina no bispado local.
E não é de hoje. Façam suas análises:
1- Eleições 2008/2009: a igreja capitaneada pelo atual arcebispo distribui panfletos indicando qual candidato deveria ser votado pela população. Diante do fato, foi encaminhada à CNBB, cópia do panfleto e denúncia de que os padres estariam recebendo orientação de como proceder em suas missas, véspera da eleição, indicando clara e efusivamente o candidato ESCOLHIDO pela igreja. O candidato ESCOLHIDO não venceu as eleições e O ALTO COMANDO LOCAL então teve que se conformar com alguém que não fazia parte da sua turma dirigindo o paço.
2- Arcebispo estava em sua nobre residência na parte sul da cidade em véspera de natal. Membro da imprensa foi gravar msg natalina, por ordem do órgão ao qual era vinculada. Na porta da residência foi atendida e dispensada pelo interfone. Recebendo o comunicado que o Bispo não estaria em casa, dispôs-se a esperar a chegada da autoridade eclesiástica e comunicou à voz do outro lado, momento em que foi desestimulada quase em tom de ameaça: "não faça isso. Saia daí. O bispo não vai gostar. Não fique esperando. Ele vai demorar a chegar". O fato é que o COMANDANTE estava no local e precisava da ausência de quem o procurou para sair de casa e rumar ao seu destino: uma emissora de TV onde falaria ao vivo. TV, em sua opinião, daria mais ibope que rádio.
3- 2012: projeto do executivo é votado pela manhã na Câmara Municipal de Montes Claros. Vereadores, em sua maioria, votam a favor e o projeto passa. Na mesma tarde, assessor do COMANDANTE DA IGREJA telefona a um vereador a pedido dele, momento em que o vereador está em gravação com órgão de imprensa. O parlamentar atende a ligação e do outro lado, a voz reclama pelo voto que este deu em favor do executivo e que desagradou ao "santo chefe".
4- 2013- Padres, Bispos e afins são seres humanos. Devem manter uma rotina normal, saudável, comum, mas não se espera de um chefe de igreja, cuja interferência na sociedade é demasiado autoritária, moralista, parcial e crítica, que se apresente trôpego, cambaleante e sob efeito de álcool, ao sair de madrugada dos restaurantes da cidade.
5- 2013- Que padres queiram se candidatar a cargos eletivos, é natural, aceitável. Que tenha suas preferências políticas, igualmente. Inaceitável mesmo é que usem a igreja como palanque, o nome de Deus em vão, apresentando-se em defesa do povo, quando o povo, maior interessado está longe de saber o que acontece nos bastidores e são enredados nas tramóias armadas pelos falsos profetas.
Não senhores. Não podemos nos calar, nos omitir, nos curvar ao poder inescrupuloso que comete pecados utilizando o nome de Deus, reunindo colegas e programando ações, estas sim, levianas, ao submeter fiéis a escolha parcial, usando de astúcia, respeito e poder de persuasão que a batina confere.
Não senhores, isso não é Deus. Ele não autorizaria aos seus filhos que usassem a veste santa para blasfemar, agredir, reunir fieis e enganar, saciando vontades particulares por meio de autoritarismo, ameaças e imposições.
Deus jamais reuniria o povo com este objetivo, jamais desfrutaria de estrutura santa ou escreveria cartas para ofender pessoas, incitar a guerra, promover a discórdia. O que é de Deus é pacífico. Ele municia aquele que age de boa fé, que lidera pela união, pela melhoria coletiva. E municia seus escolhidos para que não fujam à luta, não se dobrem às imposições dos que abrigados pela igreja, blasfemam usando o seu nome.
"Recomendo, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões Afastem-se deles. Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam o coração dos ingênuos."
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