A CRÔNICA PERFEITA
É do TIÃO MARTINS, desta quinta, 23, do blog: tiaomartinsbh.com
E eu "roubei" , porque está perfeita. Posto aqui pra vocês. Quer ver mais textos bacanas? É só ficar ligado lá. Já dei o endereço.
Mas vamos ao texto de hoje:
Tudo que o amor não é
Tião Martins
Há milhares de definições do amor, mas nenhuma
delas é definitiva.
Quase todo mundo sabe o que ele não é, mas
poucos percebem e cultivam a sua real natureza, o que oferece de bom e tudo que
exige de nós.
Aliás, boa parte do saber e sabor que ele
promete e entrega vem dessa dificuldade de definir ou compreender sua extensão,
profundidade e capacidade de resistir aos trancos naturais ou inventados.
Uma coisa é certa: não é brinquedo, não
oferece garantias e nem promete durar para sempre.
Há quem trate o amor como ioiô ou bolinha de
ping-pong: larga e puxa, bate e volta, vai-e-vem. Pode até ser que funcione,
mas é preciso que os dois apreciem esses jogos. Caso contrário, em algum
momento a corta arrebenta ou a bolinha perde a graça.
Por não ser brinquedo que você interrompe
quando quer, o amor não tolera fuga, tédio e desaforo e nem que se deixe para
amanhã o que é para ser vivido hoje. Além disso, é um ser vivo e bichinho
manhoso.
Se você não cuida e não alimenta, ele vai
emagrecendo, perde a cor e o sentido e morre de fome ou de sede.
Convém ter sempre uma surpresa na mão, para
despertá-lo, quando adormece, mas fazer disso um circo de horrores ou melodrama
à moda antiga é veneno puro. Até os atletas mais empenhados carecem de momentos
sem sobressaltos.
Quem ama o suspense ou o drama, com fantasmas
que surgem atrás de cada porta, está rodando é um filme de terror de segunda
classe, cheio de som e de fúria.
E histórias assim nem Drácula suporta mais,
porque o tédio substitui o medo e o susto, mesmo que alguém morra no final.
Há quem diga que a trepidação e a insegurança
são componentes essenciais do estado amoroso. E são mesmo, mas é preciso dosar esses
ingredientes. Sal e pimenta, quando passam do ponto, tornam intoleráveis até as
receitas mais deliciosas.
Até quando tudo vai mal, a esperança é boa
companheira do amor. Esperança de que ele seja mais forte que o medo, mais
profundo que a simples curiosidade e mais poderoso que os desencantos do
passado.
Mas a esperança, sem carinho, esfria e dá
lugar ao pesadelo. Na ânsia de proteger o amor, podemos cair no seu oposto: a
intolerância.
São muitos e poderosos os inimigos do amor:
medo, arrogância, impaciência, desilusão e desapreço. Rotina e imobilismo.
Repetição de erros do passado e exigências absurdas no presente.
São tantos e tão poderosos os inimigos que
você às vezes se sente sozinho e frágil diante deles. Mas não tão sozinho e nem
tão frágil que um abraço e um longo beijo não possam mudar toda a história.
Porque o amor, mesmo combatendo em tantas
frentes, é o mais poderoso de todos os sentimentos humanos. E o único que nos
liberta das correntes e cadeias do medo, da mediocridade e da pobreza emocional
que insistem em pendurar em nós.
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