DEU na FOLHA, em 26/01/14
Permissão para fotografar em museus gera publicidade; falta liberar o wi-fi
Por entretempos
26/01/14 08:46
Na Ilustrada de hoje, uma das metades do blog escreveu um pequeno texto para acompanhar a ótima reportagem de Silas Martí, sobre a febre do compartilhamento de imagens de exposições nas redes sociais.
“De olho nesses flagras, ou “selfies”, transmitidos ao vivo por
smartphones direto das mostras de maior bilheteria no país, muitos já
aposentaram suas plaquinhas de “proibido fotografar” e encomendam
projetos arquitetônicos que estimulem a febre de olhar, fotografar e
postar”, informa o repórter.
Abaixo, a reprodução da análise publicada no jornal.
***
Mesmo quem não foi ao MIS pode opinar se gostou da exposição sobre Kubrick.
No período em que a mostra esteve em cartaz, as redes sociais foram
dominadas por uma rotina que parecia não ter fim: todos os dias,
fotografias do manequim de “Laranja Mecânica”, do capacete de “Nascido
para Matar” e dos macacos de “2001″ eram compartilhadas incessantemente
no Facebook e Instagram.
Mesmo quem não queria saber do diretor americano se tornou um especialista acidental na sua filmografia.
A permissão para fotografar é um sinal de que os museus deixaram de
representar espaços cheios de regras para se tornarem ambientes
convidativos à interação.
Em 2011, a Pinacoteca trouxe a São Paulo a mostra “Seu Corpo da Obra”, do artista dinamarquês Olafur Eliasson.
As instalações, construídas com espelhos e projeções cromáticas,
também foram um sucesso fotográfico. Os materiais utilizados ali ajudam a
explicar a flexibilização quanto ao registro dos trabalhos.
Diferentemente de uma pintura do século 16, fragilizada pelo tempo,
os materiais usados na maioria das peças de arte contemporânea não
sofrem danos por exposição ao flash -e podem ser substituídos em
desmontagens.
É claro, no entanto, que a publicidade gratuita para museus e
galerias, gerada via compartilhamento em redes sociais, é o fator
determinante nesta mudança de direção.
A reprodução contínua de fotografias de exposições se tornou a maior
estratégia de marketing do lazer. Todos querem fazer parte do evento em
que todo mundo está.
O Macba (Museu de Arte Contemporânea de Barcelona), por exemplo, não
teve vergonha de assumir. Colocou nas paredes cartazes incentivando o
visitante a compartilhar imagens do museu nas redes.
O próximo passo é liberar a senha do wi-fi.
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