HAMÍLTON TRINDADE
Como e porquê morrem os bons e ficam os...
Deus é bom até nisso. Deixando os maus para pagarem os seus desacordos, aqui mesmo. E por mais tempo. Os bons estão partindo, e, na maioria das vezes, sem se despedir. Entubados, muitos, nas Utis e ou Ctis dos hospitais. Onde nada podem dizer ou falar, senão com os olhos. E ávidos, pra poderem falar, desliguem essas gerigonças de mim. Quero ir em paz e sem as mutilações com o meu corpo, às custas de medicamentos, que ora são uns, e ora são outros. E não tenho o direito de decidir nada. Mas a família quer manter os mortos vivos, por mais tempo. Para se redimir dos pecados da omissão e das ausências e dos carinhos, não dados, em vida. E quase que obriga os médicos a cometerem o prolongamento da vida. Num egoísmo imperativo. Posso dizer, pois escrevi e vivi isso. Pessoalmente. Deus é bom até nisso.
Agora mesmo, nos deu outra prova. Leva Rayu Christof. Novo. Menino. Embora tenha cometido algumas imprudências, aqui e ali. Como todos e cada um de nós, da sua idade. Nós , os normais. Porque existem alguns, que se locupletam de doutos, gênios, escritores de peso, jornalistas míticos e de uma soberba descomunal, que se julgam na condição de analisar e decidir, sobre tudo, e o que será ou não publicado, nas suas quermesses de sites e blogs e outros instrumentais mais, da era da informática. Rayu, não. Era um conhecedor e bom, com todos e com tudo. Rayu de Leninha. E dos filhos. Amoroso do jeito de ser dele. Com todos, ele sempre foi assim. Em todos os lugares. Deferências maiores, sempre teve pelo pai Konstantin e pela mãe Yede. Foi-me companheiro de noites, na sala da sua casa ou no Sítio de Marão e Jaci, e vez e outra no Armando's, de papos culturais e plenos de conhecimentos, os mais diversificados, na sua pontuação de empolgação com a informação, sempre a mais correta. Não perfeita. Mas correta. Vivemos momentos políticos e em política, de perder e de ganhar. Varando conversas, noite adentro. Com outros muitos amigos e companheiros, lado a lado. E sempre contra, os que queriam saber mais que o óbvio.
Viajamos. Confidenciamos a oportunidade de uma amizade forte. Independente da presença física. Que, às vezes, enche o saco. E ele assim dizia, sem muita vênia. Menino dos bons, esse Rayu. O próprio nome lhe indicou o que seria a sua pessoa, e como passaria, em tempo vivido, entre nós, seus amigos. Como um raio.
Deus é bom até nisso. Levou o nosso bom Rayu, para lhe ser mais um raio luminoso da divindade.
Abraço amigo e irmão. Me desculpe pelas minhas ausências ou por nossas ausências...
Hamilton Trindade - educador e professor
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