Morre GABRIEL GARCIA MARQUEZ
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Ganhador do Nobel de 1982, escritor uniu o real e o fantástico para refletir sobre a vida
17 de abril de 2014 | 17h 10
Antonio Gonçalves Filho - O Estado de S.Paulo
Morreu nesta quinta-feira, 17, aos 86 anos, o escritor
colombiano Gabriel García Marquez, ganhador do prêmio Nobel de
literatura de 1982. García Márquez viveu na Cidade do México por mais de
30 anos e enfrentava sérios problemas de memória, embora a família, com
exceção do irmão Jaime García Márquez, evitasse publicamente vincular
seus problemas de saúde ao mal de Alzheimer. A última aparição pública
de García Márquez, ou Gabo, como era conhecido dos amigos íntimos, foi
em seu aniversário, em 6 de março. Ele sorriu para os jornalistas, mas
não falou com a imprensa.
Figura mais popular da literatura hispânica desde Cervantes, García
Márquez ficou conhecido como um dos pais do realismo mágico, gênero
literário desenvolvido nos anos 1960 e 1970 e caracterizado pela
inclusão de elementos fantásticos no cotidiano ordinário.
De todos os seus livros, cujas vendas alcançaram mais de 50 milhões de cópias, o mais lido certamente é Cem Anos de Solidão (1967),
épico sobre uma família fictícia, Buendía, numa cidade imaginária,
Macondo. Nele, o escritor mescla lembranças pessoais a acontecimentos
extraordinários, antevendo o próprio drama pessoal que enfrentaria na
velhice (uma cidade inteira perde a memória no livro).
Além de Cem Anos de Solidão, ele é autor de O Outono do Patriarca, Ninguém Escreve ao Coronel, Crônica de Uma Morte Anunciada e O Amor nos Tempos do Cólera,
seus romances mais populares. Gabo também é associado aos nomes mais
representativos do chamado “new journalism”, corrente do jornalismo
marcada pela liberdade com que são retratados fatos reais, à qual
pertence o norte-americano Tom Wolfe.
Aos 20 anos, Gabo mudou-se para Bogotá, onde estudou Direito e
Ciências Políticas sem, no entanto, obter o diploma, começando a
trabalhar um ano depois como repórter do jornal El Heraldo, em Barranquilla. Ele também foi crítico do El Espectador,
antes de partir para a Europa, em 1961, como correspondente
estrangeiro. Sua obra jornalística completa foi publicada no Brasil pela
editora Record.
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