CONFISSÕES NADA
ADOLESCENTES – V
A
QUEDA!!!
Por
Márcia Vieira Yellow
Caiu? Levante-se! É a regra, em qualquer situação. Quedas tem aos montes, reais ou fictícias. Como lidar com elas? Depende
de cada um. E eu caí. Não vou dizer que me espatifei, porque não é verdade. Foi
uma queda suave, sem arranhões, sem dor e pasmem, sem constrangimento. Nossa,
isso está ficando perigoso. Nem uma queda é capaz de me deixar constrangida!!!
Foi no salão de eventos do clube da Sociedade Rural. Ao me dirigir ao
toilette, no meio do caminho não tinha uma pedra, tinha três degraus. E antes
que os alcançasse, um chão escorregadio (o que será que eles passaram naquele
chão?) me alcançou. Escorreguei, caí, mas meu vestido não me deixou na mão.
Ficou comportadinho. Como disse Marly logo depois: “eu vi você dar uma voadora,
mas foi com tanta classe que seu vestido ficou no lugar!”
Ao lado havia uma moça bem educada, que estava trabalhando no evento,
com seu terninho preto. Ela me deu a mão, eu me levantei, olhei se não havia machucado
e segui ao toilette. Na volta, como sou cabreira, pedi que ela me estendesse a
mão novamente para não correr o risco de ir ao chão no mesmo local. Uma vez, tudo bem. Mas cair duas vezes pela
mesma coisa é burrice. E eu não tenho paciência para repetir burrices.
Pena não estar com a câmera na hora. Será que eu teria feito um selfie?
Hummm..acho que não . Gostava de selfie quando a palavra não existia, quando
fazíamos a própria foto por uma questão de praticidade e independência, sem “pegar mal”. Hoje, como se sabe, o selfie
virou uma coisa triste (tenho certeza que veio a mente de vocês exemplos
próximos), salvo raras exceções. Recentemente Marcelo Lafetá, o cinegrafista,
fez um selfie com a minha câmera que ficou bem legal. Estávamos uma turma em
cidade vizinha e registramos o momento, sem poses caricatas, sem maquiagens e
figurinos de circo, muito natural e sem exageros. Assim é bom!
Já na noite da queda, seria melhor que o registro fosse feito pelo Dione
ou pela Sil Mameluque, amigos e fotógrafos componentes de uma mesma mesa/turma
durante o evento. Tenho certeza que
fariam uma foto incrível.
Ao voltar para o salão tomei o cuidado de avisar às mulheres sobre o
chão escorregadio, afinal, uma queda por noite está de bom tamanho. E eu fui a
sorteada, né Deus??!!! Um dia a gente tem que ganhar no jogo também. Ficar
sempre com “azar no jogo e sorte no amor” é cansativo. Mas mesmo no dia que ganhei no jogo, não dispensei a
sorte no amor, não. Ué, se Deus quis me
premiar nas duas coisas é porque achou merecido. Eu é que não vou reclamar!!!!!
E aí dei uma circulada pelo salão, fiz alguns registros, recebi
solidariedade e risos. Encontrei Rafa
Soares, um querido que há muito não via, o seu pai Nenzinho e o tio Romeu. Bem que o Rafa poderia estar ao lado quando
caí. A mocinha foi super gentil, mas ele
é um gentleman, que teria me levantado com toda pompa, sem dúvida. Encontrei a
Clarice Neves, que disse: “ eu vi, mas não quis ir até lá pra não chamar
atenção e na hora estava cumprimentando pessoas”(como é atenciosa essa Clarice, né gente?!). O mais engraçado é que alguns
falam com todo jeitinho, achando que você vai ficar sem graça. Tratei logo de
avisar que não fiquei sem graça, que acho muito comum cair e que poderia
acontecer a qualquer um. Aliás, em queda sou especialista. Já cai naqueles três
degraus do Automóvel Clube (sempre três degraus. Acho que vou jogar no bicho!)
e um belo dia depois de um almoço no AC, desci a rampinha e fui tropeçando,
parecendo que procurava alguma coisa no chão.
Será que meu pé é pequeno para o meu tamanho?
Tenho um amigo, o Duda, que sempre caminha olhando pra baixo. Um dia
perguntei qual a razão daquilo e ele me respondeu: “é porque meu pé é pequeno
para o meu tamanho, por isso eu tenho que olhar, senão caio”. Tem sentido. Vai
ver o meu pé é assim. Só não sei ao
certo, porque ultimamente não tenho número específico. Tenho três sapatos do
mesmo: o primeiro comprei n° 38, depois
comprei de uma vez um n° 37 (foi com ele que caí) e outro 39. Todos me calçam
bem. Não me perguntem, porque não sei responder sobre esta mutação. Herança das
passarelas? Pode ser. Já desfilei com sapatos de n° 36 à 40. Eu juro, com a
mesma habilidade! E vou contar uma coisa: desde o meu primeiro desfile, aos 14
anos ( isso já faz muuuuuito tempo)
, eu me preparava para uma eventual
surpresa. Pensava: se cair, levanto, tiro os sapatos e continuo o desfile.
Nunca aconteceu, mas eu teria me saído bem, certamente.
Pois bem, a queda em questão foi real, mas serve para ilustrar as
reações diante de outras quedas: as que não pertencem ao mundo físico. Não vejo
diferença entre uma e outra coisa. Claro que tudo que mexe com a alma nos deixa mais sensíveis, às vezes frágeis,
desconfiados. Mas tal qual as quedas do corpo, as da alma podem ser tratadas
com destreza e naturalidade. Cair pode não ser uma escolha, contudo,
ficar no chão ou levantar-se, é! E não há queda que deixe no chão, quem está acostumado a viver de pé! Questão de perspectiva.
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