EXPOMONTES 2014
Ovinocaprinocultura
carece de frigorífico no Norte de Minas
Tanto
as ovelhas quanto os bodes andam em bando para se fortalecer. Sendo presa fácil
para grandes predadores, a união do grupo é um meio de garantir a sobrevivência
e a força de todos. Seguindo o ensinamento desses animais, os criadores de
ovinos e caprinos do Norte de Minas têm se unido para fortalecer e levar o nome
dessa cultura para a região.
Membro
da Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos do Norte de Minas, Maria
Idalina Souza juntou a paixão pelo campo com a vontade de empreender, após se
aposentar. Ela viu na ovinocaprinocultura um bom negócio, e há anos viaja
bastante para se inteirar sobre o assunto e incentivar a criação e consumo da
carne desses animais.
“Eu sou sergipana, e o povo do Nordeste ama a
carne de ovelha e bode, é muito consumida por lá. Aqui, porém, há ainda muito
preconceito, achando que a carne é doce ou é rançosa. Não tem nada disso. São
carnes saborosas e muito saudáveis. Já ministrei muitas palestras em
prefeituras aqui no Norte de Minas, incentivando as escolas a incluírem a carne
de ovinos e caprinos na merenda escolar”, revela Idalina.
Há seis
anos, João Carlos Albuquerque adquiriu seis carneiros e se surpreendeu com os
animais. Criando tradicionalmente o gado nelore, João Carlos descobriu novas
possibilidades nos carneiros, tendo hoje 70 animais na propriedade dele, todos
da raça sul africana Dorper.
“No
início, um senhor em Janaúba comprava todos os machos que nasciam em minha
fazenda. Tive uma boa surpresa com esse animal, que além de tudo é muito bonito
e agradável. Tenho tido bons resultados com os carneiros”, conta.
João
Carlos explica ainda que possui parceria com o campus da UFMG, em Montes
Claros, de modo que professores e alunos visitam a criação dele para dar
assistência e estudar os carneiros: “É uma relação de mão dupla, boa para os
dois lados”, comemora.
A
rentabilidade é o fator que Nário da Silva Ramos destaca para o produtor norte
mineiro se interessar pela criação de ovinos e caprinos. Ele aponta que no
espaço em que se cria uma vaca, pode-se criar cerca de dez ovinos ou caprinos,
que possuem bom preço no mercado, tendo inclusive ciclo de reprodução de menor
duração, o que adianta o retorno financeiro do produtor.
“Para o
animal de corte, consegue-se cerca de R$ 300 pelo animal, que é menos que o
preço obtido com a venda de gado, mas os ovinos e caprinos se reproduzem mais
rápido do que o tempo de gestação para um bezerro, então compensa. Eu trabalho
com animais de melhoramento genético e por um animal reprodutor consigo cerca
de R$ 1000 por um caprino e R$ 1.500 por um ovino. É um grande negócio”,
ressalta Nário.
Além de
todas essas vantagens, Nário revela que esses animais são dóceis e
inteligentes, sendo criados no pasto, mas uma vez tendo aprendido, retornam
para o curral sozinhos, na hora de dormir, demandando menos esforços.
Maria
Idalina acredita que a criação de ovinos e caprinos tem crescido na região, mas
que a ausência de um abatedouro ainda é um empecilho para que a carne desses animais
chegue à mesa do norte mineiro.
“Não se
pode transitar a carne sem a origem do abate, portanto o abatedouro é um fator
primordial para que essa carne saudável e saborosa chegue com facilidade à casa
das pessoas. Agora que o frigorífico da região será reaberto pelo grupo
Minerva, vamos entrar em contato e ver se será bom para os criadores de ovinos
e caprinos também. Enquanto isso, temos vendido muitos animais para fora”,
conclui.
Hotorgantino
Lopes é criador de caprinos e presidente da Associação dos Criadores de Ovinos
e Caprinos de Montes Claros (Accomontes). A sua criação já tem 32 anos e, de
acordo com ele, desafios foram superados ao longo dessas três décadas.
"Quando eu comecei a maior dificuldade era a falta de um ponto de apoio
para a venda da produção. Depois que a associação se desenvolveu tivemos essa
ajuda. A valorização do animal nesse tempo foi grande. O esforço compensou",
conta.
A
Associação já funciona há 12 anos focada no pequeno e médio produtor e busca
formar uma parceria entre os criadores de ovinos e caprinos na região.
"Hoje,
a nossa luta é para trazer um frigorífico para o Norte de Minas. Isso
contribuiria para aumentar o consumo aqui. Agora, a maior parte da nossa
produção vai para o Rio de Janeiro e São Paulo".
Você
sabia?
Depois
de ter diminuído de forma constante de 1990 a 2000, o rebanho ovino mundial
voltou a crescer. A criação de ovelhas e cabras, ovinocaprinocultura, é
uma das principais atividades na economia do Nordeste Semiárido do Brasil. Isso
porque o Nordeste possui as condições ideais para a sua exploração. Hoje,
podemos afirmar que a ovinocaprinocultura tem uma enorme diversidade de produtos
que podem ser explorados comercialmente como: carnes, peles, leite e derivados.
A China
vem apresentando um crescimento significativo em seu rebanho em termos de
quantidade de animais e de participação percentual, graças a um conjunto de
incentivos oficiais implementados durante a década de 1990. Junto com Sudão,
Irã e Índia, a China é dos raros países detentores de grandes rebanhos que está
aumentando sua população ovina.
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