Fruticultura: vida que nasce no sertão
Clima, terra e menos defensivos são ingredientes de sucesso para o cultivo da região
Um mundo verde e amarelo. Não, não estamos falando da torcida do Brasil na Copa. Para quem não sabe, parte do Norte de Minas fica verde por conta do cultivo do limão e amarelo pelas plantações de banana e manga. Junto a outras frutas cultivadas em menor proporção, a nossa região vem fortalecendo o nome da fruticultura, levando a credibilidade dos produtos belos, saudáveis e saborosos que têm sido colhidos por aqui.
Rodolpho Velloso é diretor de fruticultura da Rural e explica que os produtores norte mineiros tiveram, por um tempo,vantagem em relação a outros Estados do Sul e Sudeste do Brasil, por conta de incentivos em crédito diferenciado por conta da localização dentro da área da Sudene.
"Hoje o crédito já não é o fator que dê tanta vantagem, porque outras regiões também estão recebendo esse benefício. Mas temos um clima muito favorável, que é quente e seco, que favorece bons frutos e diminui a incidência de pestes, motivo pelo qual podemos usar menos defensivos agrícolas que outros locais. Isso, somado à irrigação, nos dá frutos de destaque, que elevam o nome do Norte de Minas e tem feito com que cresçamos a cada ano", aponta o diretor.
Geraldo Bernardino trabalha com o cultivo de banana prata e manga palmer e decreta: "Para quem tem água, não há nada mais lucrativo. Eu trabalho também com a pecuária e digo que não tem como comparar". Ele se considera pioneiro na região, tendo começado na área desde 1993, enfrentando problemas iniciais por conta de investimentos em tecnologia e irrigação para fazer o negócio prosperar.
Geraldo enumera vantagens da produção. A banana tem o benefício de se colher três vezes num período de um ano e meio, sendo as duas safras posteriores chamadas de "filhas" e "netas". Já na manga, da qual cultiva a qualidade Palmer, ele explica que este tipo dá frutos em todo ano, por isso. é possível colher a fruta quando os pés nos quintais das pessoas não estão produzindo. "É um mercado muito lucrativo, mas o pecuarista que resolve se aventurar sem conhecimento vai fracassar. Existe toda uma técnica para se produzir frutas irrigadas, é preciso entender isso", alerta.
É o que também pontua Dirceu Colares de Araújo Moreira, para quem os custos com a irrigação, adubação e alta tecnologia para se produzir frutas no Norte de Minas, faz com que seja mais rentável produzir em grande escala. Há 18 anos no mercado e atuando também como presidente da Confederação Nacional dos Produtores de Banana, ele planta banana prata e aponta que este produto tem forte apelo no mercado nacional, mas ainda encontra barreiras para a exportação. "O mercado externo não conhece a banana prata, mas sim a nanica, daí a dificuldade. É um mercado onde primeiro tem que se investir em marketing", pontua.
Tanto para Dirceu quanto para Rodopho Rabello, a Expomontes é o momento de vitrine, para mostrar os bons produtos da região. Rodolpho lembra também que a Feira traz a possibilidade de reivindicações perante os governos e a classe política.
"Nossa região tem boas terras, solo fértil e clima favorável, mas a seca é um problema histórico. Mesmo os projetos irrigados estão enfrentando dificuldades com esta grande estiagem ano após ano, pois o nível dos rios está abaixando. Corre-se o risco de ver prejudicado o maior projeto de irrigação da América Latina, em Jaíba. Precisamos que as autoridades olhem mais para esses problemas e também deem boas condições de crédito para que o produtor tenha condições de continuar levando produto de boa qualidade para a mesa dos brasileiros", enfatiza o diretor.
Norte de Minas é referencia
A região do Jaíba, no Norte de Minas, é a maior produtora e a principal exportadora de frutas do Estado. Produzidos na região, o limão thaiti e a manga palmer são vendidos para vários países e, em breve, a banana prata também será exportada.
O polo de fruticultura do Jaíba é um arranjo produtivo local (APL), que está localizado no Norte de Minas, e inclui, dentre outros municípios, os de Jaíba, Janaúba, Matias Cardoso e Nova Porteirinha. O destaque do APL são as culturas de limão, banana e manga, que atualmente representam cerca de 44% da área irrigada da região.
Entre pequenas, médias e grandes empresas, o número total de produtores passa de 900, com um área cultivada de cerca de 10 mil hectares. O valor da produção em 2011 atingiu a marca de R$ 194 milhões com o potencial de chegar, até 2025ao o valor de R$ 350 milhões.
O município de Jaíba ocupou a liderança nas exportações de frutas de Minas em 2012 e representou 100% das exportações do Norte de Minas. De janeiro a dezembro de 2012, as exportações de frutas e derivados do Jaíba totalizaram US$ 997,62 mil. O município exportou 1,3 mil toneladas de frutas.
O projeto, que já recebeu cerca de US$ 500 milhões em investimentos, tem espaço e capacidade para crescer ainda mais.
Texto: Ascom Sociedade Rural
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