CONFISSÕES nada ADOLESCENTES- 9
Peça
licença ao entrar. Agradeça, ao sair.
Por
Márcia Vieira Yellow
RESPEITO. Mais do que
palavra, é atitude. Uma coisa que você dá e recebe. Não é via de mão única,
como pressupõem alguns. No dicionário, uma das definições para o termo é: “sentimento
que leva alguém a tratar outra pessoa com grande atenção, consideração...”
DESACATO e DESCORTESIA
são antônimos da palavra respeito. Pede-se licença ao entrar na casa das
pessoas. Agradece-se à quem nos recebe e bem recebe. Mas na chegada da dona
presidente à Montes Claros, faltou respeito e sobrou descortesia. Não sei se
havia um organizador, porque todas as informações eram desencontradas. O vôo
estava marcado para chegar às 15h, depois às 16h e assim por diante. O
ex-presidente, infinitamente mais cortês que a atual, deve ter ensinado muitas
coisas a então aprendiz, mas até hoje, meados de 2014, não conseguiu transferir
à agora candidata à reeleição, um ínfimo terço do seu humor e simpatia.
Ele desembarcou por volta das 15h30. Carros foram buscá-lo na
pista. Não houve contato com os gatos pingados que lá estavam. Saiu sorrateiro,
sabe Deus pra onde. Bem, não é mesmo da minha conta. Teria tirado uma foto,
unicamente porque o acho simpático. Nesta altura do campeonato, fosse candidato
não teria mais o meu voto, mas eu faria esforço por uma foto.
Quanto a ela, apesar
de ser a autoridade maior do país, não vale o esforço, não vale o sacrifício de
jornalistas que arrastam carrinhos e
sobem em cima correndo risco de se acidentarem, na busca do melhor ângulo. Vale
tudo por uma boa foto? Sim, desde que o personagem ou paisagem o valha. No caso
em questão, nem uma coisa nem outra. A paisagem não é bela, nem bela é a
atitude de quem a enverga.
Há muito dona
Presidente é conhecida pela grosseria e mau humor. Sempre ríspida com a
imprensa. Talvez, no exercício do cargo, imagine que o mundo tem obrigação de
servi-la. Ou que a notícia seja mais importante para quem noticia do que para
ela. O entendimento está equivocado. O real é o inverso. Memorize: "respeito é via de mão...DUPLA!". Seria de bom tom que
alguém a alertasse para os arranhões e antipatias que vem despertando com uma
blindagem desnecessária, já que nem manifestantes se deram ao trabalho de
recebê-la no aeroporto. Uns poucos
estavam ali de passagem, indo ou vindo, e sequer sabiam da presença desta autoridade
na cidade.
O fato é Dona
Presidente, que sua imagem está em jogo. Neste caso, mais do que imagem. O seu
projeto de reeleição anda descendo a ladeira. Uma das causas quem sabe, pode
ser essa estranha mania de achar que é tão importante quanto a rainha da
Inglaterra ou a duquesa de Cambridge. Aliás, se aceita sugestão (penso que
não), mire-se no exemplo da Middleton. exemplar figura pública, que vem mudando
conceitos e imprimindo personalidade a antes desgastada realeza.
Dona Presidente, com
quem aliás pude estar bem de perto em outra ocasião, é ríspida mesmo.
Experimentei da sua grosseria há alguns anos, quando ela entrou na nossa casa
Montes Claros sem pedir licença e sem agradecer a estada, ao final. Eu não a
mandei para lugares onde muitos são enviados, porque tenho noção de boas
maneiras. Junte-se a isso um membro da
comitiva ter se posicionado na frente dos fotógrafos no Café Galo, dando pulos
e levantando os braços para atrapalhar os registros. Não deixou saudades.
Naquele momento decidi-me por um candidato pouco conhecido, sem chances de
chegar à presidência, mas entre as opções, era o que tinha alguns bons projetos
no currículo público. Constatei que aquela candidata à minha frente não tinha
predicados para mudar um país. Nem mesmo arrastada pelo esfuziante Luís Inácio.
Pois bem, de lá para
cá, a Dona Presidente não mudou e não fez mudar de atitude os seus
decepcionantes subordinados. Quer sair bonitinha na foto? Ofereça-nos o seu
melhor ângulo, ou algum ângulo, ainda que não seja o melhor. Não vale descer do
possante avião da República Federativa do Brasil (Pode isso? Fazer campanha em avião oficial? Se pode, não pega bem. E a
senhora que ousa falar de aeroportos trancados, saiba que a sua atitude é
correspondente ao que tanto critica.) pelo lado contrário, deixando todos
os cinegrafistas/ fotógrafos/ repórteres que compareceram ao aeroporto - pelo
simples fato de que a senhora é a dirigente deste nosso grande país - de
câmeras vazias, pés cansados e almas indignadas.
Não dê as costas ao entrar
numa casa. Na nossa casa. Peça licença. Saúde os anfitriões. Um aceno, mesmo
que de longe teria sido um gesto simpático e uma maneira educada de adentrar à
casa dos outros. A senhora nunca consegue ser simpática? Tente. Os corações
mais duros já sucumbiram ao menos uma vez na vida. Agradeça aos que te recebem,
mesmo quando não há quorum. Os poucos que ali estiveram, ou estavam à serviço ou foram lá para vê-la,
para ouvir uma palavra, para saciar a curiosidade. Talvez até para decidir se a
senhora Dona Presidente, deve continuar onde está. Acho que não deve não. É a minha opinião.
Perdão se não gosta das minhas opiniões, mas constitucionalmente, sou e me
sinto livre para emiti-las. Sou tão sincera quanto a senhora, porém, devo
dizer, com os bons modos mais apurados. Uso as palavras “licença” e “obrigada”
sem moderação. E adoro ouvi-las. Ali eu
vi muitos que são "sangue do seu sangue" (vermelho, e não azul como pensas)
proferindo palavras chulas ao citá-la. Fiquei condoída pela senhora, juro! Mesmo sabendo que não merece minha solidariedade.
E no aeroporto a
imprensa ficou a ver navios, ou melhor, aviões. Oficiais e atravessados na
pista de modo a dificultar a visão da sua ilustre presença. A senhora tem o dom
de nos fazer amar os seus opositores. É mestra nisso! Partiu para a sua reunião
com prefeitos e aliados dentro de um daqueles diversos carros pretos de vidros
escuros, deixando cada um dos repórteres sem vontade nenhuma de (per) segui-la.
Os que fizeram, o fizeram por obrigação, sem dúvida. Antipática ao chegar e
acessível dentro do seu ninho, soube depois. De que adianta? O desafio é ser
humana onde não tem certeza reinar. É encarar o público onde há uma incógnita.
Circular entre os seus é fácil. Eles obedecem de olhos fechados. Não
questionam. Apenas aceitam. Tente fazer o contrário. Convencer a quem não está
convencido.
De todo modo, fica dado
o recado aos que chegam à nossa casa. Tratamos tão bem a todos vocês, do baixo
ao alto escalão, que a recíproca deve
ser verdadeira. Não tentem obstruir os nossos caminhos. Sejam facilitadores do
nosso trabalho e nos reservem um lugar no mínimo, digno. Vocês querem ver
divulgadas as suas ações e nós queremos fazer o nosso trabalho. Vale também
para os profissionais que assessoram os visitantes. Lembrem-se sempre que vocês
estão na nossa casa e não o contrário. O trabalho de vocês é tão importante
quanto o nosso. Cada um tem um foco, um alvo, uma tarefa. Não pense que por
estar aqui acompanhando uma autoridade tem reservado um lugar de honra. O lugar
de honra é da autoridade e nós, operários da informação, daqui, de Brasília, de
Belo Horizonte ou da Cochinchina, estamos todos no mesmo barco, no mesmo patamar.
Situação ou oposição, no trabalho somos parceiros, não adversários. Sou ótima
em parcerias e igualmente ótima em embates. Não receio falar, não receio calar.
Basta que me deem motivos para uma ou outra coisa.
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