Projeto pode ser o maior elemento de transformação socioeconômica da região
Entidades discutem a implantação da infraestrutura ferroviária interligando o Norte de Minas ao Porto Sul em Ilhéus-BA
LUIZ ANTÔNIO ATHAYDE (Foto Márcia Vieira) |
Na última terça-feira, 28, entidades se reuniram para conhecer o estudo de viabilidade logística e de infraestrutura ferroviária na região do Grande Norte de Minas que prevê a possibilidade de criação de 402 km de malha ferroviária, ligando o Norte de Minas ao Porto Sul em Ilhéus, na Bahia. O Seminário promovido pela Agência de Desenvolvimento da Região Norte de Minas – ADENOR - tratou este estudo como o maior projeto de transformação regional do século 21.
JOSÉ QUEIROZ(Foto Márcia Vieira) |
A malha ferroviária no país é de 28 mil km, destes, apenas 38% são explorados. No que se refere ao transporte de carga, existem alguns projetos de extensão desta malha até Ilhés – BA. De acordo com Luiz Antônio Athayde, subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, “um estudo aponta que há a possibilidade de ligar o Norte de Minas ao Porto, a partir da FCA (Ferrovia Centro- Atlântica) interligando a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) por meio da construção de 402 km de ferrovia”.
Ele pontua que “a região tem a demanda de 29 bilhões de toneladas de minério, além de gás, grãos e produtos diversos. Um minerioduto não seria a melhor alternativa de transporte, visto que utiliza a água, um bem escasso, ecologicamente inviável nos moldes das empresas multinacionais, possíveis investidoras”.
Athayde defende o estudo do projeto na agenda de desenvolvimento regional pelas entidades e lideranças o quanto antes, mobilizando os setores privados e governo. “Temos de pensar globalmente e agir localmente. A ferrovia pode ser o principal instrumento de desenvolvimento do Norte de Minas e sua inserção no mercado global. Um projeto transformador que vai trazer um novo padrão de logística no transporte com a geração de milhares de empregos, induzindo e exploração de riquezas adormecidas no grande Norte”.
A ferrovia tem ainda o viés da exploração múltipla, concomitante com o trem de passageiros. José Queiroz de oliveira, Assessor da diretoria da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, coordenador do grupo de Trabalho Trens de Passageiros, apresentou alguns dados que colocam este tipo de transporte como alternativa barata e sustentável.
Numa análise do transporte urbano, 39% da população utiliza carro individual, 25% o ônibus e apenas 3,8% utiliza o trem. Cerca de 22 projetos de trem de passageiros estão em estudo no país, um deles é Montes Claros – VLT, com reaproveitamento da malha da FCA. José Queiroz aponta o Estado de Minas como referência nos projetos de viabilidade de trens, a partir do laboratório de estudos da UFMG, com obras aprovadas em outros Estados, inclusive. “Quem sabe o que é melhor para o Norte de Minas é o norte-mineiro. As oportunidades estão aí, existe a demanda, mas depende de vontade e ação”, concluiu.
Participaram da reunião, empresários e representantes da ACI, Sociedade Rural, Fundetec, CDL, Prefeitura, Sicoob Credinor, Sindicato Rural, Sicoob Credinosso, Fiemg, Lafarge, Corpo de Bombeiros e Codemc. Segundo Reinaldo Landulfo, Secretário Municipal de Desenvolvimento, “a administração tem consciência desta realidade e está avançando nas discussões do uso da ferrovia, com o apoio da Adenor e Codemc. O tema já está no planejamento do Plano Diretor de Montes Claros”, garante.
O presidente da Adenor, Pávilo Miranda, destacou que projetos que tratem do desenvolvimento regional, de forma sustentável (ecologicamente correto, economicamente viável, cuturalmente aceito e socialmente justo) são a premissa da Agência de Desenvolvimento. Devemos despertar a sociedade para nossas riquezas e nos apoderar delas, visando a qualidade de vida para toda a população. A ferrovia pode ser uma realidade tangível se nos voltarmos para ela com mais propriedade, assim como a ‘Aerotrópole’ e ‘Rregião metropolitana de Montes Claros’, projetos defendidos também pela ADENOR.
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