domingo, 22 de março de 2015

Da FOTOGRAFIA.....

Da FOTOGRAFIA.....

Notícias do SEBASTIÃO SALGADO são recorrentes em nosso blog há tempos, não é? Mas nunca cansativas, porque somos fã do trabalho deste fotógrafo, que por acaso é mineiro (fazer o quê?!!) e ultrapassou fronteiras com o seu talento e simplicidade. Este ano, o filme que retrata o Salgado, dirigido pelo alemão Wim Wenders (Paris, Texas, entre outros) levou o César (prêmio do cinema francês) e concorreu ao Oscar, como dissemos aqui na ocasião. E ele é uma personalidade e tanto. Adoramos suas entrevistas, sua postura e conduta. Então vamos nos fartar com mais notícias do Sebastião. Esta foi extraída do Gazeta do Povo, publicada neste 22 de março:

CINEMA

Sebastião Salgado vira alvo das lentes

Documentário O Sal da Terra une história notável do fotógrafo brasileiro com direção genial do cineasta alemão Wim Wenders

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Texto publicado na edição impressa de 22 de março de 

2015

Divulgação
Como fotógrafo, a espera (que pode durar horas e dias seguidos) parece ser o principal mérito de Sebastião Salgado. | Divulgação
Como fotógrafo, a espera (que pode durar horas e dias seguidos) parece ser o principal mérito de Sebastião Salgado.
O Tião deu muito trabalho pra estudar! Tirou Economia. Eu queria que ele tirasse advocacia, mas ele tirou Economia... e acabou sendo bom. Mas se não fossem os colegas, não sei. Tião não gostava de estudar.” O “Tião” da frase é Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro que rodou o mundo como uma testemunha de belezas e atrocidades. Quem fala é o pai de Salgado, em entrevista para o documentárioO Sal da Terra, sobre a trajetória do artista, que estreia nos cinemas brasileiros na quinta-feira (26).
O filme tem direção de Wim Wenders e Juliano Salgado (filho mais velho de Sebastião) e aborda a formação o fotógrafo, um dos mais reconhecidos e admirados do mundo. Da infância em Aimorés (MG) até a rotina de trabalho (os cineastas o acompanharam por quatro anos). Assim viajaram a uma aldeia indígena isolada na Papua Nova Guiné e a uma ilha do ártico cujos moradores são ursos e morsas – que o fotógrafo esperava pacientemente por horas e dias a fio.
A espera, aliás, parece ser o principal mérito de Sebastião Salgado: no filme, percebemos que ele não invade a cena, respeita o espaço de quem está na mira da lente – sua “arma” preferida, como lembra Wenders.
A fotografia não surgiu para Sebastião como um “talento nato”. Na verdade, quando ele e Lélia, sua mulher, foram se exilar Paris, em 1969 (onde vivem até hoje), ele ficou mais interessado do que a esposa na câmera fotográfica que ela havia comprado para fazer os trabalhos de Arquitetura. Lélia estudou na École Nationale Superieure des Beaux Arts e na Paris VII, e trabalhou como arquiteta e urbanista em planos diretores de municípios franceses.
Foi Lélia a principal responsável por tornar Salgado um mito: ele tem o talento, a vontade de explorar e percorrer lugares inóspitos ou perigosos. Porém, é ela quem o auxilia na formatação de grandes empreitadas, na edição dos livros e nas exposições itinerantes que rodam o mundo. A experiência dela na área é vasta: foi diretora de fotografia em revistas como a Photo Revue e da galeria da Agência Magnum. Também trabalhou na edição de imagens de Cartier-Bresson. Os diretores reconhecem o papel fundamental dela ao longo de todo o documentário, mas Lélia, talvez por discrição, aparece pouco na tela.
A maneira como os diretores se colocam no filme é muito simpática: Wenders e Juliano dividem as narrações. O diretor alemão traz suas impressões pessoais sobre o perfilado. Juliano vai além e faz uma espécie de acerto pessoal com o pai: não esconde que sentiu falta dele na infância, e que passou um bom tempo o enxergando somente como um herói aventureiro. As filmagens parecem ter funcionado como uma aproximação maior com pai.

Wim Wenders

Nascido em 1945 em Düsseldorf, na Alemanha, é um dos expoentes do Novo Cinema Alemão, nos anos 1970. Ao longo de sua carreira, dirigiu mais de 40 filmes entre longas e curtas-metragens. É responsável por obras-primas do cinema, como Paris, Texas (1987) e Asas do Desejo (1988). Já documentou os músicos cubanos lendários em Buena Vista Social Club (1999), e falou sobre bailarina Pina Baush de forma magistral em Pina (2011).

Juliano Ribeiro Salgado

Nascido em 1974, em Paris, o filho mais velho de Sebastião Salgado é formado em cinema pela London Film School. Desde 2003, dirige curtas-metragens e documentários para a televisão francesa. Seu filme, Nauru an Island adrift (2009), foi selecionado para vários festivais internacionais como o Hot Docs, em Toronto, e Le Festival Dei Populo, em Florença. Co dirigiu O Sal da Terra, e acompanhou o pai em trabalhos pelo mundo ao longo de quatro anos.

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