Extraído do site: A Notícia
#VerãoSC06/03/2015 | 06h01
Conheça histórias de fotos especiais e que expressam o verão
Para muitos profissionais, estação é uma das preferidas para bons cliques
Feita sem pretensão, foto da cavalgada na poraia do Rosa rendeu capa da Revista de VerãoFoto: Felipe Carneiro / Agencia RBS |
Marjorie Basso
Sebastião Salgado, Jr Duran, Henry Cartier Bresson, Robert Capa, Annie Leibovitz. São vários os fotógrafos proeminentes mundialmente e suas especialidades. Há os que lidam como ninguém com a dor, retratando composições de guerras, miséria e desesperança como maestros que regem uma orquestra de caos. Mas há também aqueles peritos em enaltecer a beleza de celebridades, paisagens, momentos e, é claro, o verão.
Para muitos amantes da fotografia, o verão é a melhor época do ano para fotografar. É quando as cores tomam conta das ruas, há vida e alegria em todas as praias, parques e esquinas.
Nesta última edição da temporada da Revista de Verão, destacamos cliques que tem tudo a ver com a estação. Confira a seguir como foram pensadas e feitas algumas das mais belas fotos que refletem o verão, além de dicas para aprimorar cliques.
PACIÊNCIA
O sol laranja se pondo no horizonte e cavalos estalando suas fechaduras sobre a areia branquíssima. A imagem de atmosfera marroquina é na verdade um clique despretensioso de uma cavalgada da praia do Rosa, em Imbituba.
Feita sem essa intenção inicial, a fotografia foi capa de uma edição da Revista de Verão há três temporadas e se tornou o xodó de seu autor e até de colegas. Quando a imagem foi publicada não faltaram elogios exaltados.
Felipe Carneiro, 35 anos, é antes de qualquer outra coisa um entusiasta da fotografia. Tem nela sua profissão há uma década e meia, mas faz porque gosta e acha que tem a obrigação de fazer bem, muito bem.
Ao mesmo tempo em que é um obstinado, é um fotógrafo de fala mansa e crê na paciência. Esperar o momento certo, segundo ele, é o primordial para fazer uma foto excelente ao ar livre.
Foi o que ocorreu durante a cavalgada no Rosa. O passeio já deveria ter terminado, mas o grupo continuou sacolejando para que ele pudesse garantir uma foto boa. Não precisava ser excelente, apenas boa.
Quando chegou a Imbituba a equipe da revista sequer imaginava que iria fazer matéria sobre o passeio. Foram aos poucos descobrindo os atrativos da região e a cavalgada surgiu como um deles.
— Eu saia a cavalo na frente e ficava esperando para fotografar o restante do grupo. Mas àquela altura o sol já estava se pondo e eu não queria fazer um contraluz (quando apenas a silhueta das pessoas aparece) — lembra.
Felipe recorreu mais um pouquinho à boa e velha paciência e eis que uma verdadeira tela se formou. Tudo estava devidamente encaixado e o sol ainda contribuía.
— Comecei a pirar naquela imagem, uma coisa meio Marrocos, e saiu — sorri.
Além de cores e contrastes, a foto tem o que Felipe diz ser imprescindível para imagens de paisagem, "um elemento humano" para dimensionar o local.
— Aprendi isso com um editor de foto. Uma árvore pode ter vários tamanhos, mas pessoas são sempre pessoas. Com gente em uma imagem você terá total noção do tamanho de cada elemento — explica.
LUZ
Mais que paciência, porém, fotografia também é muita pesquisa e treino. O principal objeto de estudos dos fotógrafos profissionais e algo que deve ser amplamente dominado é iluminação. Saber ler um cenário conforme a luminosidade é o principal da foto.
Hoje, com esse olhar treinado, fotógrafos procuram fazer imagens externas nos melhores horários do dia. Claro que nem sempre isso é possível.
Em uma foto recente para revista Donna, Felipe precisou driblar o sol do meio-dia incidindo diretamente sobre a modelo. A solução foi usar um rebatedor. O resultado foi uma imagem que parece ter sido capturada nas primeiras horas da manhã.
— Fotografia é o mínimo de dom, o mínimo de arte e muita pesquisa e estudo — sintetiza.
Claro que assim como em outras profissões, os fotógrafos contam um pouco com a sorte ou não. Há ocasiões em que o flash disparado pelo concorrente, por exemplo, coopera com a imagem capturada.
Em outras, o fotógrafo deixa de captar uma paisagem que em determinado dia estava perfeita e perde a foto:
— Isso me aconteceu há uns 10 anos. Na hora não havia como parar para fazer a foto. Fiquei voltando ao mesmo lugar no mesmo horário até um ano depois e nunca consegui aquela cena — lamenta Felipe.
RESGATE DO PB
Os primeiros experimentos em fotografia datam do século 11. Mas foi só em meados de 1800 que começaram de fato as primeiras impressões de imagens captadas por meio de câmara escura. Quando surgiu, próxima do que viria a se tornar, a foto era em preto e branco. Muitas décadas se passariam até que fosse lançado o filme colorido.
Os avanços foram infinitos nesse aspecto, com filmes que prometiam cores mais vibrantes até chegar a fotografia digital e o uso de filtros e edição para realçar as cores. Ainda assim, a fotografia PB tem entusiastas que veem nela mais poesia. Sebastião Salgado é um dos adeptos mais famosos do gênero.
Com 20 anos de profissão, Charles Guerra é um fotojornalista que gosta de pensar em preto e branco. Seus cliques favoritos inclusive foram feitos em cores e depois transformados:
— É um desafio para quem fotografa. Ler as luzes, conseguir saber onde você enxerga a luz da foto e ter todos os contornos e contrastes que se busca a ponto de conseguir transformar uma foto em PB.
Esse olhar é algo que precisa ser aprimorado com o tempo. Guerra comenta que quando olha para uma imagem já começa a desenhá-la mentalmente, em 80% dos casos em preto e branco.
Uma de suas fotos favoritas foi feita na praia de Jurerê em 2013. Detalha a leveza de uma artista do Cirque du Soleil em férias na cidade que aproveitou para treinar saltos na beira do mar.
— A luz permitiu ter essa dimensão de preto, branco e cinza importante para quando se quer transformar uma imagem em preto e branco.
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