quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

UTILIDADE: PROTEJA-SE DO CHEFE TIRANO

UTILIDADE

Proteja-se do chefe tirano

Saiba como se defender de torturas psicológicas no ambiente de trabalho e melhore a sua auto-estima

Escrito por
Redação M de Mulher 

Dicas para não enlouquecer com o
chefe mala

 
O medo de perder o emprego muitas vezes faz com que as pessoas se submetam a situações constrangedoras. As mulheres costumam ser as maiores vítimas desse tipo de pressão.

Perceba se você está sofrendo assédio moral através do seguinte sinal: Esforça-se para realizar um excelente trabalho, mas é seu superior quem sempre colhe os louros?

Segundo Margarida Barreto, médica do trabalho e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, os ‘’torturadores’’ são chefes que abusam do poder que têm. Por meio de atos desleais e constrangedores, ordens arbitrárias e palavras de humilhação, eles aniquilam a saúde física e mental dos funcionários. ‘’Os alvos escolhidos costumam ser os que não fazem corpo mole’’, afirma Margarida. 

Estão no grupo de risco principalmente as mulheres, profissionais de personalidade forte, que não aceitam facilmente ser pressionadas e exploradas; os que retornaram ao emprego depois de um afastamento por motivo de doença; os com mais de 35 anos que ganham melhor, além de mães de filhos pequenos.

No Brasil, estima-se que o índice de assédio moral seja de 35%. Num outro estudo, coordenado por Margarida, com 97 grandes empresas de São Paulo, os números são ainda mais alarmantes — de 2 072 profissionais entrevistados, 42% apresentaram histórias de humilhação contínua no trabalho. Desses, 65% são mulheres.

A doutora da PUC foi mais fundo, ao levantar como cada sexo reage a esse tipo de opressão. Descobriu, por exemplo, que elas são menos vingativas e perdem a libido; já eles tendem à depressão e pensam em suicídio. O estrago psicológico é tão grande quanto o físico. ‘’É freqüente sofrerem distúrbios do sono, hipertensão, taquicardia, gastrite, má digestão e dores de cabeça’’, explica Margarida.

Revista Partes:
 
Há inúmeras formas de tiranizar um empregado, como por exemplo, tomar crédito por idéias de outros; ignorar ou excluir um funcionário só se dirigindo a ele através de terceiros; segurar informações; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; e subestimar esforços. O processo é lento. As agressões, sutis. As reclamações serão interpretadas como choque de egos, atribuídas a uma nova forma de administração, à reorganização, reengenharia, ou rejeitadas. Não há lei que não a do mais forte.

Uma psiquiatra francesa, Marie-France Hirigoyen, escreveu o livro Le harcèlement moral: La violence perverse au quotidien (O assédio moral: A violência perversa no cotidiano). O livro vai aparecer em português, editado pela Bertrand Brasil, depois de traduzido para doze idiomas. A revista Le Nouvel Observateur consagrou-lhe uma capa: "Esses colegas e patrões que o deixam louco". Os colegas entram no título como cúmplices: temem pelo emprego. Quem for solidário com uma vítima poderá se tornar a próxima.

Hirigoyen traça o perfil do tirano. É um "narcisista perverso", que acha o próprio equilíbrio descarregando em outro a dor que não consegue sentir e as contradições internas que se recusa a perceber. Um sanguessuga: procura fora de si a substância para sua vida. Tem um senso grandioso da própria importância. Vive absorvido em fantasias de sucesso ilimitado e de poder. Pensa ser especial e único. Precisa muito de admiração. Acha que tudo lhe é devido. Inveja os outros. Comporta-se com arrogância. Explora todos nas relações interpessoais. E posa de referência, de padrão do bem, do mal e da verdade.

Golpes mesquinhos
"Aqueles que podem, podem. Os que não podem, tiranizam", proclama na Internet o Bully OnLine  criado por Tim Field, autor de Bully in Sight (Tirano na Mira), guia que ensina a prevenir, resistir e combater o assédio moral no trabalho. Ele acrescenta atributos ao mais comum dos tiranos, os que praticam serial bullying, a destruição em série de empregados. É vingativo, quando só, mas inocente, diante de testemunhas.Médico e monstro, como Jekyll & Hyde. Mente compulsiva. Torna-se agressivo, se chamado à responsabilidade.

Depois de responder a 3 mil telefonemas e receber 26 mil visitas no seu site da Internet, Tim Field chegou aos conselhos básicos para quem quiser reagir a um chefe tirano. Aqui, um resumo dos que se aplicariam às vítimas brasileiras:

- Lembre-se de que um chefe tirano projeta em suas vítimas as próprias fraquezas profissionais e morais Assim, não as introjete;

- Sentir vergonha, dificuldade, culpa e medo é uma reação normal, mas
imprópria se render ao tirano o controle e o silêncio de sua vítima;

- Não se pode enfrentar sozinho um chefe tirano. Procure ajuda. Consulte  o departamento médico de sua empresa;

- Aprenda o máximo que puder sobre assédio moral no trabalho;

- Supere toda a falsa percepção sobre assédio moral, como a de que se trata apenas de uma forma dura de chefiar, ou de reorganização empresarial;
 

- Anote tudo. Não é um único incidente que conta, mas a regularidade com que acontece, o seu padrão e o conjunto;

- Guarde cópia de cartas, memorandos e e-mails;

- Faça um diário com as reclamações e críticas do chefe tirano. Se puder obtê-las por escrito, tanto melhor. Se as tiver pedido, e não for atendido, registre. A repetida recusa de justificar ou substanciar faltas cobradas pode ser usada como prova de assédio;

- A tiranização no trabalho estressa. Se o médico a diagnosticar, que inclua a causa às condições no local de trabalho;

- Reclame do assédio moral ao escalão superior.

- Não se deixe levar pela armadilha da saúde mental: os sintomas e efeitos do assédio moral são uma lesão psiquiátrica, não doença mental;

- Uma licença-médica deve ser registrada como acidente de trabalho, e a sua causa, a opressão do chefe tirano, denunciada ao empregador;

- Se o chefe tirano fizer suas críticas em público, procure um advogado para adverti-lo, por carta, de que ele é passível de processo por difamação e calúnia;

- Se forçado à demissão, denuncie a causa ao empregador, por escrito, e oriente-se com um advogado antes de assinar qualquer documento;

- Considere tornar público o seu caso.


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