Mirabela recebe Projeto Roda de Ouro
Estudos da Organização das Nações
Unidas (ONU) apontam que a atividade física, recreativa e esportiva viabiliza a
melhoraria do desempenho escolar, diminui a discriminação contra as mulheres,
os portadores de deficiência física e os idosos; encoraja a tolerância e o
respeito; promover a saúde pública; reduz as diferenças étnicas, sociais e
culturais; sustentar o desenvolvimento da economia local e a criação de
empregos; e, ainda, ajudar na cura de distúrbios psicológicos entre vítimas de
guerra ou de abuso. Além disso, traz resultados significativos para a solução
de problemas crônicos da atualidade.
Baseado nesses objetivos, um
professor de capoeira de Mirabela, Norte de Minas, com mais de 13,6 mil
habitantes, segundo o IBGE, tem possibilitado a transformação de várias
realidades do local. O Contra-Mestre Aurélio Pereira de Souza passou uma
temporada em São Paulo e há cerca de seis meses retornou à cidade natal. Desde
então, desenvolve o Projeto Roda de Ouro com aulas de
capoeira, ginástica e recreação nas escolas, praças e áreas coletivas do
Município.
"Capoeira é alma, é arte e quero
que repassar o que aprendi a uma quantidade maior de pessoas. Por isso, nas
aulas não limito idade, classe social, gênero e nem raça. O esporte reduz os
gastos com segurança, potencializa valores e rompe barreiras. E é por isso que
encaro com tamanha responsabilidade esse ofício de divulgar essa arte, que é
esporte, que é vida", afirma Aurélio, que ainda descreve um ponto
importante da capoeira, essência do trabalho desenvolvido na cidade: "Este
esporte cria uma rede que transmite, de forma eficiente, valores, ideais e
ações, o que facilita o rompimento de barreiras, buscando assim o acesso à
cidadania, direito de todos nós", diz Aurélio.
O Projeto tem rodas de capoeira na
Praça Bom Jesus e Valdemar Rabelo, além de outros espaços públicos. As aulas
também são realizadas no antigo Mercado da cidade, de segunda à sábado.
Roda de Ouro
Alongamento, conversa, bate-papo,
puxões de orelha, orientações e conhecimento. O Contra-Mestre Aurélio sabe bem
como motivar a garotada. O Projeto vai além das aulas práticas.
"Tivemos alguns alunos que não
tiveram notas boas ano passado e isso faz com que a gente trate desse assunto.
Mostramos a importância de estudar. Para Paulo Freire, a "Educação muda as
pessoas. Pessoas transformam o mundo". Nesse sentido, queremos todos
envolvidos para que tenham um futuro melhor. Unir esporte e educação é a nossa
meta. Aliado aos dois pilares, a cultura, é claro", define o Contra-Mestre.
Turma animada
Cerca de 30 pessoas participam
de todas as atividades. Na última roda, três Gabriéis chamaram a atenção. Um
iniciante, que ficou encantado pela arte. Com sete anos, Gabriel Fróes, foi
conhecer o projeto e não quer mais parar.
"Quero fazer todo dia. O Contra-Mestre
é muito legal e arrumei novos amigos aqui. Já sei muita coisa", descreve.
Já o Gabriel Maia, de cinco anos, há
quase um mês se mudou para Mirabela com os pais. Desde a chegada dele à cidade,
participa do projeto. Ele é o "chaveirinho" da turma, mas com
dedicação de adulto.
"Gosto de tudo. É muito bom e
legal", disse.
Já o Gabriel Athayde, começou em
20027 a praticar o esporte. Ficou um tempo parado, mas de férias em Mirabela
não pensou duas vezes.
"Quero voltar com força total e
praticar de vez. Voltar à rotina
", pondera.
", pondera.
Zildete Santos Costa é veterana do
grupo. Admite que nem todos os passos ela consegue fazer corretamente. Aos 53
anos ingressou na atividade e levou os dois netos que ela cria. Os garotos de
10 e 13 anos. Agora, a família toda está no esporte.
"Arte e cultura é bom para a
alma, para o corpo. Estamos gostando muito. O bom é que praticamos nas rodas e
em casa. O Gabson Yuri de 13 anos melhorou o rendimento na escola. Ele sempre
foi um jovem calmo e quieto e agora está melhor ainda”, conclui.
Guardiões da arte
Para se escrever uma nova história em
realidades distintas não é possível desenvolver o projeto isolado. Para isso, o
Contra-Mestre Aurélio formou alguns bons e jovens parceiros. É o caso do Marcos
Pereira de Souza, aluno e hoje instrutor. Com 21 anos é açougueiro, como muitos
jovens de Mirabela, mas nas horas vagas se dedica a passar a outras pessoas o
que começou a aprender aos seis anos.
"Foi um imprevisto. Era muito
pequeno e fui ganhando gosto e me apaixonando pelo esporte. A capoeira nunca
saiu da minha vida. Aurélio foi muito importante. Se não fosse isso poderia ter
ido para outro caminho. Graças a Deus conheci o do esporte", descreve.
O servente de pedreiro, Alex Pereira
Aquino, de 29 anos é também outro guardião de arte da capoeira. Ele é outro
instrutor do projeto Rodas de Ouro.
"A capoeira tira a gente do que
é ruim. Parei por um tempo, mas agora estou firme e mais animado porque vou
poder repassar o que sei para outras crianças. É um privilégio”, garante.
Divisor de água
O empresário João Francisco Athayde
pratica capoeira desde 1995. Entre idas e vindas, agora pretende focar
novamente na proposta da capoeira – aliar arte e esporte.
“Não jogo futebol, apesar de gostar e
acompanhar jogos, mas quando adolescente me encantei pela capoeira. Serviu para
a minha formação física e hoje com alguns quilos a mais vejo a necessidade de
retornar as atividades, além de que a minha principal intenção é incentivar a
prática de capoeira a Maria Paula, minha filha”, afirmou João.
Volto ao Projeto Roda de Ouro com
toda confiança de antes.
“Essa iniciativa é o divisor de águas
para muitos adolescentes que tem somente a escola como base. O Contra-Mestre auxilia
na cidadania, na ética, na moral e na prática de bons costumes! Vejo no olhar
de cada adolescente que está treinando uma oportunidade de trilhar
em bons caminhos, visto hoje que as drogas circulam o âmbito familiar sem olhar
classe social”, descreve.
Contra-Mestre Aurélio
O Contra-Mestre Aurélio Pereira de
Souza, trouxe a capoeira para a vida dele nos anos de 1990, com o Mestre José
Maria da Paixão da Escola Luanda. Foi lá que ele teve o primeiro contato com a
arte que atravessa gerações e ganha a cada dia mais adeptos. De lá prá, o
Mestre Aurélio nunca mais parou. Vivenciou a arte na alma e no corpo, percorreu
varias cidades do Pais levando o gingado do esporte. Ao mesmo tempo, formou-se
em Música, Folclore e Teatro pelo Conservatório Estadual Lorenzo Fernandes.
Aprimorou seus conhecimentos na Escola de Capoeira Canzua. Em 2014, Aurélio
realizou um dos grandes sonhos: tornou-se Contra Mestre de Capoeira na Escola
Cordão de Ouro, em São Paulo.
"A minha caminhada teve a ajuda
de muita gente lutadora. Gente que cuida de gente. Nada seria possível sem
atletas aos Mestres Sidney Alves, Luciana Axé, Carlão CDO BH, Tonhão Canzua,
Mestres Reinaldo Ramos Suassuna e Guido Mazzola SP. Eles me permitiram acesso a
Família Cordão de Ouro capoeira e que me direcionaram a uma Visão Diferente e
ampla da nossa Capoeira", finalizou.
Anjo da guarda
Você pode
ser o anjo da guarda do Projeto Roda de Ouro. Doe tempo, dedicação. Invista em
aparelhamento, uniformes. Quer saber como? Entre em contato com o Contra-Mestre.
Aurélio Pereira
38- 99904 7965/ 38-3239 1850/
Whatsapp - 11 97023 2305.
Andréa Fróes
Jornalista
Comunicação e Projetos
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