Montes Claros se despede,
emocionada, do Mestre Tone da Cachoeira
Texto: Daniel Moraes
Foto: Wilson Medeiros
“Adeus! Adeus! Minha querida
senhora...” Foi entoando estes versos melancólicos (talvez a mais perfeita
síntese da dor e da saudade sertanejas) que os amigos, familiares e colegas de
marujada se despediram, na manhã desta quinta-feira, 18, de Antônio Ferreira da
Silva, o popular Tone da Cachoeira, mestre da 2ª Marujada de Montes Claros, que
ajudou a fundar.
Seu velório, realizado no Centro
Cultural Hermes de Paula, atraiu vários amigos e admiradores de Tone, que é
considerado um dos pilares cultura popular do Norte de Minas. Uma das presentes
ao velório foi Marinalva Rodrigues, chefe do Terno de Catopês de Francisco Sá,
que fez questão de vir se despedir do velho amigo. “Uma perda muito grande para
a cultura da nossa região”, sintetizou.
CATOPÊS E CABOCLINHOS - O falecimento de Tone atingiu de
forma especial os integrantes dos catopês e dos caboclinhos, que junto com os
marujos formam a “trindade” das Festas de Agosto de Montes Claros. “Perdemos um
companheirão. Vai fazer muita falta”, lamentou José Expedito Cardoso, o “Mestre
Expedito” do Terno de Catopês de São Benedito. “Ele falou que queria continuar
até a morte. Morreu satisfeito, realizando seu sonho”, relembrou Maria do
Socorro Pereira, a “Cacicona Socorro”, chefe dos Caboclinhos de Montes Claros.
TRADIÇÃO QUE NÃO MORRE - Um dos amigos mais próximos de Tone
Cachoeira, José Hermínio Ferreira Pinto, há 30 anos colega de marujada, falou
com saudades do mestre. “A importância dele, para mim, na cultura de Montes
Claros, foi tudo. Não estava nem aí para nada, e ele me incentivou”, lembra
Hermínio, que hoje é contramestre da 2ª Marujada de Montes Claros.
Ely Ferreira da Silva, filho de
Tone, falou com emoção do pai, que acompanha na marujada desde os nove anos.
“Foi um valor imenso para a cultura de Montes Claros”, disse. Ely, que deseja
ser chamado, a partir de agora, de “Ely Cachoeira”, trouxe um alento para os
amantes da cultura norte-mineira, afirmando que dará continuidade ao trabalho
do pai, preservando a tradição da marujada. “Não deixo acabar não, saio com
dois marujos se for preciso”, afirmou.
Mas, se depender de jovens como
Erick Iuri Mendes, de apenas 15 anos (há 12 participando da 2ª Marujada), a
tradição em Montes Claros irá perdurar. “Vou estar na marujada até o final da
vida”, declarou.
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