LUCIANO MEIRA
A LUZ QUE NÃO SE ACENDE
Luciano Meira
Desde o inicio de novembro, donos de pequenas empresas começaram a vestir roupa nova em seus estabelecimentos. Uma pintura na fachada e uma renovação no estoque deixam clara a expectativa de maiores lucros na época natalina.
O clima de Natal, além de trazer as bênçãos de Deus, proporciona na população algo de belo, num encantamento quase sobrenatural. As pessoas ficam afáveis e entram em confraternização. Essa sensibilidade nos lembra a estrela de Belém guiando os Reis Magos para homenagear o Divino Infante.
A confraternização sugere a união de todos, em prol de um mesmo objetivo: homenagear o Menino Deus com tudo de maravilhoso. Esse espírito se expande pelos lares, pelos corações das pessoas de bem, e da beleza do local, gerando um ambiente festivo, que leva a eclosão de bons negócios.
Na imaginação da beleza, pensamos nas luzes brilhando nas praças, nas ruas centrais e nos comércios dos bairros, no entanto, nos deparamos com a indiferença do Prefeito e seus assessores que, na ânsia por arrecadar, perdem o interesse em desfrutar o espírito natalino com a população. Encastelados num Gabinete do Paço Municipal, onde trocam elogios mútuos, a soberba não é sentimento raro, e o poder público acaba por deixar à deriva o destino da cidade.
As entidades de classe deveriam ser interlocutoras entre os empreendedores e o Prefeito, para que o tom natalino se alastrasse na cidade, pois foram elas que depositaram sua esperança na atual administração, mas estão desapontadas com o engano.
Na área central da cidade existem mais de 3.200 pequenas empresas, outras de grande porte e instituições bancárias que, naturalmente, contribuem com impostos, e deveriam receber maior atenção da Prefeitura.
As mais de setenta praças da área central e dos bairros, além de estar abandonadas, até o momento não receberam nem sequer o brilho de um “vaga-lume”, que sugerisse o momento natalino.
Nos doze maiores bairros da cidade, onde já existe uma próspera área comercial, o município, óbvio, também arrecada impostos, mas não altera a infra-estrutura lá existente (isso quando de fato exista). Uma decoração de Natal, ainda que singela, melhoraria o ambiente, proporcionando aumento das vendas locais.
No passado, quando a cidade era menor, os prefeitos pareciam mais sensíveis e as entidades de classe cumpriam seu papel, faziam o setor privado funcionar e cobravam do setor público apoio e meios para a cidade brilhar em seus festejos.
Temos boas lembranças de líderes classistas como Geraldino Boutique, Álvaro Paulino, Toledo Jóias Palladium, Fagundes da Universal Jóias, e tantos outros empreendedores que, sem a tecnologia de agora, acendiam luzes por toda a área central da cidade, promovendo beleza e encantamento na população.
No ano passado, pelo segundo ano consecutivo, os empreendedores do Quarteirão do Povo, com o incentivo do SEBRAE e o apoio da artista plástica Adriene Tupinambá, usando materiais recicláveis, decoraram aquela via pública. Ainda que tenham feito o que deveria ser uma obrigação municipal, foi um bom exemplo e uma lição, pois, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Em vez de planejar as festas de fim de ano, o município faz silêncio, proporcionando uma escuridão sem igual, confirmando sua incapacidade em trocar as 18.000 lâmpadas antigas das vias públicas da cidade, para o sistema de lâmpadas LED, que tem um melhor raio de iluminação, e economiza trinta por cento de energia.
Como marca luminosa desta gestão que fracassa permanecem a falta de planejamento e de visão de futuro, enquanto a infeliz população engole as bravatas do Prefeito, que se gaba de resolver o problema do Zoológico, com uma canetada, fechando seus portões. Com a caneta assina mais uma vez seu atestado de incapacidade de manter em funcionamento um dos poucos locais públicos ainda frequentados por ampla parcela da população.
Não fazem nada, mas fazem isso com Montes Claros.
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