A BOLINHA DE GUDE E A ADMINISTRAÇÃO
(*) Luciano Meira
Empreendedores
com estabelecimentos nos bairros reclamam do abandono das quadras
poliesportivas daqueles lugares, informando que os locais viraram pontos
de tráfico de drogas, por falta de competições.
No
período de 1982 a 1986, fomos os responsáveis pela implantação da
Secretaria de Esportes na cidade, onde tivemos a oportunidade de
realizar grandes eventos esportivos como Olimpíada de Bairros, Olimpíada
Universitária, Olimpíada Operária, Jogos Interbairros e Peladão. Após
esse período, muito pouco se fez em prol do esporte especializado,
assim, a população daquela época deve guardar boas lembranças.
Para
realizar os eventos, foram construídas 17 quadras esportivas nos
bairros. A Central Beton - Concreta, do grupo Matsulfur, apoiada pelos
diretores João Bosco Martins de Abreu e Sérgio Cavalieri, fez surgir uma
parceria público privada, na qual a Matsulfur cederia todo o material
para a construção, com benefícios na tributação do ISS. Contamos com o
apoio da SETAS - Secretaria de Trabalho, cujo diretor João Avelino Neto
disponibilizou, gratuitamente, 20 pedreiros para a construção.
A
Prefeitura ficou com a terraplanagem, e a secção do seu encarregado,
Sr. Pedro Piteira, que acompanhou as obras. Conforme combinado com a
direção da Matsulfur, a cada duas quadras construídas teríamos que fazer
um evento e dar continuidade no esporte do bairro, o que foi cumprido.
Naquela
época, o quadro técnico da SECELT era de sete técnicos, parceira dos
desportistas dos bairros, que muito contribuiu para a formação e
manutenção do quadro de arbitragem e ralização das competições.
Com
o passar dos anos, mudou a forma de gestão, que era participativa,
transformando-se num cabide de emprego, sem compromisso com a melhoria
da prática esportiva. Hoje a Secretaria de Esportes, com mais de 25
funcionários, nos mostra o total abandono do nosso esporte.
No
orçamento do município para 2017, foi aprovada para ser aplicado 10
milhões na ampliação de infraestrutura, manutenção de atividades
esportivas e reformas das unidades. O que foi feito com esses recursos?
Até o momento não temos conhecimento de nenhuma realização nessa área. A
Câmara Municipal, que deveria fiscalizar, já que aprovou o orçamento,
está “caolha” e finge não saber de nada.
O
Prefeito resolveu acordar e tenta transferir a responsabilidade aos
Coordenadores das equipes para conseguir um patrocinador dos gastos das
competições. Isso nos faz lembrar um lance do Jogo de Bolinha de Gude da
nossa infância. Durante a partida, a certa altura, um jogador
espertalhão gritava: “bolôlô na minha e não dou nada”! Isso significava
que o adversário poderia acertar qualquer bolinha, exceto a daquele
jogador.
Pelo
visto, o Prefeito e sua equipe jogaram muito bolinha de gude e o vício
os impedem de entender, que em tudo que se faz, é preciso existir bons
resultados para todos. Esses acontecimentos são uma tristeza para a
população, que se sente enganada, pois acreditou naqueles programas
políticos cheios de alegadas competências e experiências, mas o tempo
mostrou que nunca existiram. Sendo assim, diante da impossibilidade de
usar o esporte para tirar crianças e adolescentes das ruas, só nos resta
dar os nossos pêsames aos desportistas de Montes Claros.
( * ) - Consultor e Diretor da LD Consultoria
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