Nova taxa para obra gera
revolta
Arquitetos e urbanistas fazem ato contra a
cobrança, no valor de R$ 821, e exigem que prefeitura revogue tributo
Márcia
Vieira
Montes
Claros
15/05/2018
- 06h03
O NORTE
Mais
de 60 arquitetos e urbanistas de Montes Claros fizeram protesto ontem na porta
da prefeitura contra a criação de uma taxa de licença ambiental para
construções a partir de 300 metros quadrados. Os profissionais querem
explicação para o tributo, no valor de R$ 821,70, condicionado à aprovação de
cada projeto.
A
arquiteta e urbanista Ludmila Pinto avalia que taxa foi criada somente gerar
receita. “Quando damos entrada no projeto, temos que pagar R$ 25. Depois de
aprovado, outros R$ 200. Agora criaram mais uma cobrança desnecessária e
exorbitante”, diz.
Para
Ludmila, o valor cobrado pela prefeitura é mais absurdo ainda para as casas em
condomínios porque o cidadão acabaria sendo tributado duas vezes. “Ao lotear, a
pessoa já paga uma licença ambiental. Então, para aprovar uma casa, ela tem que
repetir uma licença ambiental simples? É uma medida abusiva. Como a Secretaria
de Meio Ambiente não tem mão de obra para atender à demanda, está pedindo prazo
de 90 dias. Neste período, a gente fica com o projeto inviabilizado. Ou seja,
estamos saindo aí de um mês para 90 dias e com uma taxa exorbitante”, reclama.
Para
a arquiteta Izabella Rebello, uma das organizadoras do movimento, a medida é
desnecessária e vai impactar no bolso do cliente. “Qualquer obra mais simples
tem 300 metros quadrados de área construída e não gera impacto ambiental que
justifique a cobrança da taxa. Estamos aqui para mostrar nossa indignação em
relação ao que foi imposto e a desproporção do valor. Reivindicamos que seja
cobrada taxa para acima de 950 metros quadrados e num prazo menor”, afirma.
Izabella
acrescenta que o projeto arquitetônico não inclui responsabilidade técnica
pelos resíduos, o que deve ser do cliente ou do construtor.
“Todos
nós sabemos que não existe fiscalização. O resíduo de construção é jogado
cidade afora e o desmando continua. Até na frente da casa do prefeito tem
entulho. Essa taxa foi criada única e exclusivamente para tirar mais dinheiro
da sociedade”, afirma o arquiteto Gilner Rocha.
A
medida foi aprovada em fevereiro pelo Conselho de Defesa do Meio Ambiente
(Codema). Entretanto, o vereador Sóter Magno, integrante do conselho, diz
desconhecer a cobrança.
O
secretário de Planejamento, Guilherme Guimarães, informa que o imposto foi
criado por uma decisão da Secretaria de Meio Ambiente, cujo secretário não foi
encontrado para falar a respeito. Já o procurador Otávio Rocha ouviu os
arquitetos depois da manifestação e declarou à reportagem que há possibilidade
de a medida ser revogada, mas não há prazo definido.
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