terça-feira, 12 de maio de 2015

Da FOTOGRAFIA....

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Fotografia mineira amadurece e emplaca 15 profissionais no Prêmio Marc Ferrez

Participação no prêmio, um dos mais importantes do país, sceu nos últimos 5 anos. Produção de arte é destaque, segundo coordenador 

 Walter Sebastião - EM Cultura Publicação:12/05/2015 08:00Atualização:12/05/2015 08:20

Nos últimos cinco anos, 15 artistas e pesquisadores mineiros receberam o Prêmio Marc Ferrez, uma das mais importantes distinções na área da fotografia no Brasil.

 Dois dos agraciados – Guilherme Horta e Daniel Moreira Soares – assinam mostras atualmente em cartaz em Belo Horizonte. Horta é o organizador de 'Assis Horta – Fotografias', que pode ser vista no Palácio das Artes, e Daniel Moreira Soares expõe seu ensaio realizado na BR-381, 'Paisagem ambulante', no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia.

Três fotógrafos (André Hauck, João Castilho e Pedro David) venceram, além do Marc Ferrez, outros dois importantes concursos dedicados à fotografia no mesmo período: Pierre Verger e Fundação Conrado Wessel.

Diante desses fatos, cabe a pergunta: a fotografia mineira vive um momento especial? Para o fotógrafo e coordenador do projeto Foto em Pauta, Eugênio Sávio, a resposta é “sim”. Sávio avalia que a robustez atual da fotografia mineira se deve ao amadurecimento de uma tendência iniciada nos anos 1990, com os festivais de inverno e suas oficinas e debates em torno da fotografia, que derivaram em festivais temáticos. Ao lado disso, trabalhos inovadores influenciaram na busca de novos caminhos. Sávio cita especialmente o de Rosângela Rennó.

“Belo Horizonte é hoje um dos polos da fotografia contemporânea brasileira”, afirma Sávio, observando que a produção de qualidade é bem maior do que a que recebe destaque em concursos.

CONTEÚDO “O Brasil tem hoje uma das melhores fotografias do mundo”, afirma Oswaldo Alves, responsável pela organização do Marc Ferrez. Sobre o concurso que dirige, conta que a qualidade dos projetos vem crescendo. “Há mais atenção ao conteúdo e aos aspectos técnicos, o que tem se traduzido em produto final melhor”, analisa. A foto de arte é, na opinião dele, uma área que tem brilhado. “E o trabalho documental, por meio do qual vamos descobrindo o Brasil não como extensão territorial, mas como sociedade e cultura”, acrescenta.

O mineiro André Hauck, de 36 anos, ganhou, com Camila Otto, o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea. Ele prepara exposição para agosto, em Belo Horizonte. “A cidade tem pessoas com uma visão afiada da fotografia. O que temos visto são trabalhos com reflexão sobre os acontecimentos, e não só voltadas para aspectos estéticos”, analisa.

Vencer concursos, diz Hauck, colabora para dar visibilidade ao trabalho. “O mercado para a fotografia em Minas Gerais ainda é muito incipiente, o que torna as coisas complicadas”, afirma. O caminho recorrente dos profissionais mineiros ainda é o de tentar conseguir uma galeria no Rio de Janeiro e, especialmente, em São Paulo.

Laura Avelar Fonseca, de 31 anos, vencedora do Prêmio Marc Ferrez em 2014, voltado para novos talentos, não se surpreende com o número de fotógrafos mineiros condecorados. “Temos fotógrafos excelentes realizando trabalhos muito criativos”, afirma. É dela o ensaio 'Hotel esplêndido', sobre prostituição, mostrado com personagens, decoração dos quartos das mulheres e áudio com as vozes delas. “Quero modificar o olhar do público sobre um universo estigmatizado.”

O prêmio possibilitou à fotógrafa apresentar seu trabalho acompanhado de oficinas, bate-papos e visitas guiadas. A mostra no Museu Inimá de Paula recebeu 3.000 visitantes, uma marca expressiva para o local.

Na opinião do historiador Rogério Arruda , a importância do Marc Ferrez é que ele contempla não apenas o fotógrafo, mas também a reflexão sobre a fotografia. “O que fortalece as duas áreas”, observa. Foi com os recursos do prêmio que ele editou o livro com tema inédito no Brasil 'O ofício da fotografia na Minas Gerais do século XIX -1845-1900'.

Sudeste tem maior parte de inscritos

Desde 2011, o Marc Ferrez distribui anualmente 18 prêmios, nas categorias produção artística, criação, documentação e produção acadêmica, e procura valorizar tanto autores com carreira estabelecida quanto novos talentos. São previstos prêmios para todas as regiões do Brasil. A média de inscrições ao Marc Ferrez tem ficado em torno de 400 candidatos nos últimos anos, sendo a maioria do Sudeste.

O Prêmio Pierre Verger é bienal e voltado para ensaios fotográficas inéditos, temáticos e livres. Prevê apoio financeiro ao vencedor de cada categoria, para a realização de uma exposição individual em Salvador (BA), com direito à publicação de um catálogo com o ensaio.

A Fundação Conrado Wessel, por sua vez, concede prêmio anual a três ensaios de fotógrafos brasileiros natos e naturalizados.


MINEIROS PREMIADOS
Confira vencedores recentes do Prêmio Marc Ferrez

2014
Laura de Avelar Fonseca
Daniel Moreira Soares

2013
Guilherme Horta
Daniela Tavares Paolielo
Marcia Charnizon
André Hauck
Francilis Castilho
Pedro Henrique Silveira Vieira
Bruno Vilela
Verônica do Carmo Alkmim França
Guilherme Cunha

2012
Pedro David
Fabio Cansado
Rogério Arruda

2011
João Castilho

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