sexta-feira, 31 de março de 2017

A FERTILIDADE do AGRESTE

31/03/2017


A fertilidade do Agreste

O Grupo Agreste surgiu inspirado nas músicas de já caducadas décadas, mas em especial de uma mais recente, a de 1970, quando o Grupo Raízes e os grandes expoentes da música nordestina – como Banda de Pau & Corda e Quinteto Violado lhe davam o norte

Por Eduardo Brasil
O Norte





















Lá fora as ventanias de agosto varrem telhados e ruas de Montes Claros. É noite daquelas calorentas, típica de uma sexta-feira 13. O ano é 1999. Estamos no Automóvel Clube e nesse instante as pessoas acorrem a uma longa fila que serpenteia pelo salão. Ninguém quer retornar para casa sem o CD do Agreste, antológico, reunindo as 22 músicas que o grupo norte-mineiro, a estrela da noite, gravou em dois “bolachões” – como são lembrados os antigos elepês de vinil. Ninguém voltou para casa sem o seu. Afinal, o Grupo Agreste e suas cantorias que nos despacham à nossas origens, têm o seu canto reservado em cantos especiais de nossas mentes e corações.  O sucesso da noite foi coroado com a apresentação do grupo, que há anos não se reunia. Era o primeiro encontro no palco, desde que dele desceu, em 1983, para não mais subir. Bom... Até este histórico dia 13 de agosto de 1999. 

A história do Grupo Agreste principiou em 1978, nos gramados do Cassimiro de Abreu. Não exatamente no transcurso de uma partida de futebol, mas de mais uma edição do inesquecível Fucap – Festival Universitário da Canção Popular.  Foi ali que surgiu a ideia de se criar um grupo musical que acabaria por reunir jovens universitários que assinariam seus nomes na história das nossas melhores quadras de arte e cultura: Manoelito Xavier, Ildeu Braúna, Pedro Boi, (Alexandre) Gútia e seu irmão, Carlão Toledo – entre outros que serão lembrados adiante, como a cantora Fatel, que ainda na incipiência da cria musical dividiria com ela palcos e luzes. 

Manoelito diz que o Grupo Agreste surgiu inspirado nas músicas de já caducadas décadas, mas em especial de uma mais contemporânea, a de 1970 – do Grupo Raízes e dos expoentes do canto nordestino, como Banda de Pau & Corda e Quinteto Violado. Composições, aliás, que faziam o repertório de seus primeiros ensaios e apresentações. Mas não demorou muito para que o grupo buscasse a sua própria identidade, passando a compor – e o fazendo com a maestria daqueles em que se inspirou.  


O grupo não tardaria a dar bons frutos, começando pela gravação, em 1980, do seu primeiro disco que romperia nossas fronteiras para ganhar destaque nacional no cenário da boa música brasileira. Com produção, direção de estúdio e mixagem de Téo Azevedo, o LP, além de Gútia, Pedro, Manoelito, Braúna, Sérgio Damasceno, Tom Andrade contava ainda com a participação de Zé Chorró (baixo) Toninho (percussão), Ciríaco da Sanfona e Afonsinho (bateria). Gravado em São Paulo no Estúdio Bandeirante, O LP alcançou rápida projeção nacional ao ter duas de suas faixas, “Zumbi” e “Jaíba”, selecionadas para a trilha sonora da novela “Rosa Baiana”, que era exibida pela Band. 


O segundo disco, também com produção e direção de Téo Azevedo seria gravado em 1982 no Estúdio Mosh (SP) com um dos maiores sucessos do grupo, “A lenda do arco-íris”. Desta vez com o apoio de Vanderdaik (voz e violão), César Abianto (acordeon) e Zé Toco (bateria). O Agreste, então, alçou novos voos e mais uma vez ganhou altitude nacional, realizando shows pelo país e sendo convidado para seguidos programas de televisão, conduzidos por grandes nomes da música brasileira como já havia ocorrido por conta da repercussão do primeiro disco. Naquela oportunidade, os músicos norte-mineiros brilharam no programa “Som Brasil” (Rede Globo), com Rolando Boldrin. Várias de suas composições foram gravadas por gigantes como Sérgio Reis, Renato Teixeira, Pena Branca & Xavantinho, Vitor Batista, Décio Marques, Rubinho do Vale, Efrain Rios só para citar alguns.

Mas, como que reforçando a máxima que tem breve existência o que é bom, o Grupo Agreste não demorou na sua essência - foi desfeito um ano depois, em 1983. Mas o vislumbre de voltar aos palcos e estúdios nunca se distanciou de seus componentes. O ambicioso projeto de retorno, que vinha sendo buscado, alimentado dia a dia, ano a ano, entretanto, foi tragicamente interrompido pela morte de Ildeu Braúna, excelente letrista e que em parceria com os companheiros assinou a maioria das músicas do Agreste. Manoelito lembra que a passagem de Braúna abalou a todos de forma brutal, muito doída. Não poderia ser diferente. O letrista impecável era um dos pilares do grupo. A ideia do retorno, então, foi afastada, mas por ora. Ainda neste ano de 2017 o grupo pretende se reunir mais uma vez, mesmo na impossibilidade de fazê-lo com todos os seus valores.  

Manoelito entende que o espaço que o Grupo Agreste ocupou no cenário musical ainda pode ser retomado. Para ele, apesar de os gêneros musicais que hoje dominam o país estarem anos-luz da autenticidade e qualidade da música daqueles idos, há um povo seleto a aguardar por uma reação que traga de volta a “verdadeira canção popular”. Ele se confessa “decepcionado” com os rumos que a música produzida no Brasil tomou nos últimos anos, afastando seus verdadeiros mensageiros e tornando-se um produto de “conteúdo” discutível, com “artistas” e “músicas” descartáveis à mercê de oportunistas. Cita, por exemplo, o “gênero sertanejo-universitário” e questiona até onde se enquadram os universitários nessa historíola. Logo eles, que em quadras amargas como as de chumbo tinham na música, que era das boas, um dos estandartes de suas convicções políticas, econômicas e sociais. Sertanejo-universitário? Manoelito gostaria de saber do que realmente se trata. Nós também.

Hoje ele diz ficar retraído e desagradado ao ouvir o que se canta e se toca pelo país afora: músicas que, na sua estrondosa maioria parecem o retrato fiel de uma época em que os mais comezinhos de nossos valores culturais são deixados de lado. Pior: em nome de “bundinhas”, de “peitinhos” e de outros atributos humanos explorados com ilimitada perversão e mau gosto. Adianta não ter preconceito com nenhum gênero musical, não, mas lamenta que as produtoras, as mídias, enfim, invistam cada vez mais em “artistas” chamados “da hora”, cujas aparições eventuais, relâmpagos, são puro comércio de lucro fácil. Artistas lançados já com validade vencida. A verdadeira e boa música brasileira precisa retomar seus espaços sob pena de esses da hora tornar ainda mais vulgar um de seus mais valiosos patrimônios. 


Manoelito é de opinião que não dá mais para aguentar este longevo festival de besteiras que assola o país (aqui evocando o espírito do jornalista Sérgio Porto na pele de Stanislaw Ponte Preta até mesmo para nos proteger).  Para ele, assim como é possível à boa música retomar o seu canto especial em nossas vidas, o retorno do Agreste também o é, como foi para a Fênix.

terça-feira, 28 de março de 2017

DIA N, DE NADA

Dia N, de nada
 





Márcia Vieira
Repórter

Durante toda a semana, a prefeitura de Montes Claros divulgou que no dia 25 estaria mobilizada para o “Dia D”, de combate à dengue. Na mídia, foram veiculados pedidos para que os moradores colocassem lixos nas portas, que deveriam ser recolhidos pela “força-tarefa”.
E foi acreditando nisso que J.D.F., moradora da Rua Alagoas, no bairro Cintra, passou o sábado se dedicando a colocar na porta de casa tudo aquilo que representava perigo para a saúde dela, de familiares e de vizinhos. Mas a decepção veio logo.
- Anunciaram no rádio que passariam nas nossas casas no sábado. Hoje é segunda-feira e ainda estamos com o lixo na porta. Eles foram até o bairro Santa Rita e nos deixaram para trás. Isso tem nome: desorganização - revela.
MOBILIDADE COMPROMETIDA
Para J. D, além do risco de contrair doenças, a mobilidade está comprometida.
- Não cumpriram o que prometeram. Tenho pessoa idosa e outra portadora de necessidades especiais em casa. Se precisarmos sair, o lixo atrapalha o percurso. Agora teremos que pagar um carroceiro para pegar. A calçada é estreita e está intransitável - complementou.
Em texto encaminhado já nesta segunda-feira, a prefeitura fala que foi montada uma “mega-estrutura” para atender a população. Porém, o vereador Edmílson Magalhaes foi categórico ao dizer que nada disso aconteceu. 
- A prefeitura falou em “Dia D”, mas o que vimos foi “Dia N”, de nada. Pediram à população para colocar o lixo, materiais sem uso entre outros materiais que precisam ser descartados, do lado de fora de casa e o povo colocou até móveis velhos, mas eles não deram conta de recolher nada. Nada mesmo. Eles têm que entender que para exigir da população o cumprimento do seu papel têm que fazer a parte deles - desabafou Edmílson, que há dias vem denunciando o descaso da administração com a limpeza pública.
De acordo com Edmílson, qualquer cidadão que percorrer Montes Claros vai ver lixo e entulho em todos os espaços. 
- Estamos vivendo um caos na limpeza pública. Os maiores focos de dengue estão nos lixões, nos canais, nos córregos. Enfim, a prefeitura tem por obrigação fazer essa limpeza com urgência. Tem que cuidar, pra depois fazer o “Dia D”. 
Jaci Dias, moradora da Rua Antônio Costa, no Cintra,também está insatisfeita com a administração. 
- Moro aqui desde que nasci. Nunca vi tanto desleixo. A coleta já foi boa em outros tempos, mas agora pediram pra gente colocar o lixo todo fora de casa e ainda não passaram. Os cães esparramam o lixo e a situação só piora - declara.

Enquanto a prefeitura mostra ineficiência para deixar a cidade limpa, moradores de um bairro em Montes Claros decidiram realizar o serviço que a administração deveria fazer por conta própria, como a limpeza de ruas e praças públicas. (Leia matéria na página 04 de O NORTE)

MONTES CLAROS SEDIA II ENCONTRO de CÂMARAS MUNICIPAIS



28/03/2017

Montes Claros sedia II Encontro de Câmaras Municipais
 
Márcia Vieira
Repórter
P/ O NORTE
Na manhã desta segunda-feira 27, a Câmara Municipal de Montes Claros sediou o II Encontro Mineiro de Câmaras Municipais. A reunião serviu para que o legislativo apresentasse aos vereadores presentes, o estatuto da entidade e oficializasse a sua criação.


Neste início de atuação vinte câmaras municipais, das regiões Norte e Noroeste de Minas, compõem a entidade. O presidente da Câmara de Montes Claros, vereador Cláudio Prates, foi eleito presidente pelos próximos dois anos e tem como vice, Adalberto Fernandes, de Bocaiúva. 


Como 1° secretária foi eleita Genilza Mendes Ribeiro, de São João da Ponte e segundo secretário, Alex Sandro Alves. Marcílio Soares Oliveira, de Monte Azul e Anerson Flávio, de Jequitaí, foram eleitos respectivamente, primeiro e segundo tesoureiros.
- A Câmara não briga sozinha. Com união podemos conseguir mais - destacou Prates.

União também foi a expressão adotada pelo vereador Jekson Ragno dos Santos, de Novo Horizonte, município que veio em comitiva para participar do evento.

- Em nossa cidade são cerca de 5 mil habitantes. Temos diversos problemas e esperamos que com essa união das câmaras, as nossas demandas sejam reforçadas e atendidas. É um ajudando ao outro - disse o vereador que está em seu segundo mandato.

FOCO Para Cláudio Prates, o principal foco da entidade está em garantir a viabilidade da emenda impositiva dos vereadores, pauta em que Montes Claros é pioneira. 
- Só em Montes Claros, a Câmara apresentou 5% de emendas impositivas ao orçamento do município para 2017, o que daria cerca de 2 milhões e 500 mil para cada vereador- explicou.
A emenda impositiva garante ao vereador apontar onde e como quer direcionar o recurso. E cabe ao executivo cumprir esta lei. O não cumprimento pode resultar em improbidade administrativa do prefeito.

A criação da AMCM não extingue nem entra em conflito com a AVAMS - Associação de Vereadores da Área Mineira da Sudene.  De acordo com Cláudio, enquanto a AVAMS trabalha o suporte ao vereador de maneira particular, a AMCM tende a apoiar de maneira institucional, valorizando o legislativo e propondo inclusive que a AVAMS seja uma associada da AMCM.