TEXTO CONVIDADO: ALBERTO SENA
GRÃO MOGOL COM EXTRATERRESTRE NA BARRAGINHA
Alberto Sena
Quando nos deparamos com a figura estranha daquele
ser, cara a cara conosco, a primeira idéia foi a de que se tratava de um
extraterrestre. Ele tinha a cabeça grande, carente de cabelos. Parecia cabeça
do ator russo-americano Yul Brynner, senão cabeça do ex-governador Magalhães
Pinto, que em 64 achava estar fazendo “revolução” e pensava galgar esfera de
poder mais alta, quando tudo não passava de um golpe militar.
O ser estranho tinha os olhos grandes, semelhante
aos olhos de cavalo. O nariz quase sumido no rosto era, em verdade, dois
orifícios. A boca era bem desproporcional ao resto do rosto porque muito grande
e tivemos a impressão de boca desdentada. Não parecia ameaçador. No primeiro
momento ficamos estáticos e extáticos diante da figura, num misto de
curiosidade e medo. E ele também. Ao que parecia.
Sílvia Batista fez menção de correr e segurei-a pela
mão, já refeito do choque, e com intenção de puxar conversa com o
extraterrestre. Primeiro, timidamente, sacudi a mão direita num gesto de “oi”.
Ele nem piscou. Disse ele, mas não se podia identificar se era macho ou fêmea
porque tinha o corpo coberto por um material semelhante ao plástico, cor da
pele.
Sílvia sussurrou ao meu ouvido um “vamos embora”,
mas eu preferi insistir para obter do estranho alguma reação. Foi quando ele (ou
ela), mais timidamente ainda imitou o meu gesto. Sorri desbragadamente certo de
ter conseguido comunicar-me com o personagem extraterrestre vindo não se sabia
de onde.
Nesse momento, senti alguma coisa diferente no
interior do meu cérebro, como se repentinamente pudesse conversar com o ser
estranho. Ele permanecia em pé diante de nós, ali na Barraginha, próximo da
Lapa da Água Fria. Ousei, então, pensar “será de onde é essa figura?” E logo me
veio uma resposta: “Sou das imediações da estrela Sirius”.
Fiquei estupefato e comentei baixinho com Sílvia que
podia conversa com o estranho por meio de telepatia. A partir desse momento
tive certeza de que se tratava mesmo de um extraterrestre. E foi me dizendo que
fazia uma viagem interplanetária quando o combustível da nave dele se acabou e
ele teve de descer na terra e justamente aqui, em Grão Mogol.
Disse-me sem me dar chance de pensar n’alguma coisa,
que o combustível da nave é a base de energia das pedras, daí ter descido aqui.
Disse ele, como se tirasse de mim a idéia da dúvida, “aqui tem mais pedras do
que histórias ou é o contrário?”
Se nesse nosso plano de vida não dá para confiar em
nenhum estranho – os não estranhos também estão deixando a gente boquiaberta –
faça idéia um ser vindo da estrela Sirius. Pensei naquele provérbio oriental:
“Deus ajuda, mas amarre o seu camelo”. Em seguida a esse pensamento veio em mim
uma tranquilidade fora do comum e foi como se ele (ou ela) dissesse, com toda
segurança: “Em mim, vocês podem confiar”.
E o estranho fez um sinal com a mão como quem
convidava para segui-lo. Sílvia fez cara de muxoxo e eu fiz menção de
acompanhá-lo e ela meio a contragosto seguiu-me. Nunca levei um susto tão
grande ao deparar-me com uma nave tipo disco voador. Não era nave de grande
proporção, parecia ser individual. Tinha uns desenhos com tinta fosforescente.
O ET aproximou-se da nave, e, automaticamente desceu
uma escada. Ele (ou ela) pôs um pé no primeiro degrau e nos convidou a entrar
meneando a cabeça. Olhei para Sílvia e ela estava com o rosto lívido. Mas ainda
assim, eu disse a ela “vamos”. Ela me segurou fortemente a mão e subi a escada
e já estava pronto para entrar na nave quando Sílvia resolveu subir.
Dentro da nave ainda não se podia divisar o que
havia lá dentro porque tinha uma espécie de biombo. Veio-me o pensamente de
quando o cineasta Orson Wells, em 30 de outubro de 1930, na condição de
radialista assustou os Estados Unidos e o mundo dizendo que a Terra havia sido
invadida por extraterrestres.
“Será que há uma invasão agora, de verdade?” Me
perguntei, mas quem respondeu foi ele (ou ela). Disse-me estar só e reforçou a
necessidade de descer a Terra para reabastecer a nave. E mostrou uma espécie de
cano por meio do qual retirava energia das pedras sem comprometer nenhuma.
Ficamos com o ET por um espaço de tempo de uma hora,
se muito. Depois de a nave reabastecida, ele (ou ela) nos pediu para ficar
tranquilos. Ia nos mostrar o interior da nave. Apertou um botão e da parede
veio um assento. Apertou outro e vieram dois assentos. Sentou-se e nos pediu
para sentarmos também. Ofereceu-nos algo parecido com uma bala-doce. Pôs não
boca e pediu-nos para fazermos a mesma coisa.
No que pusemos a bala-doce na boca foi como se
colocássemos algodão-doce porque derreteu imediatamente na língua. Sentimos – e
isso Sílvia me confidenciou depois – uma sensação, um êxtase nunca sentido. E
ao perceber isso, o ET sorriu com os lábios sem mostrar ter dentes ou gengivas.
Ele olhou fixamente um painel no teto da nave como
quem olhava um relógio e sugeriu: “Querem dar um passeio?” Olhei para Sílvia de
soslaio e assenti com a cabeça. Foi duma vez. A nave arrancou suave de forma
vertical. Deu uma parada e... zuniu. Deu-me um frio na barriga e pude perceber
claramente, estava viajando na velocidade da luz. E como não estava acostumado
com isso quase não conseguia enxergar as coisas de tão estupefato com tudo.
Nesse meio tempo, com o celular na mão, saquei uma
foto do ET. Foi quando percebi ser hoje dia 1° de Abril, “Dia da Mentira”. Dia
que, com o passar do tempo, a política nacional conseguiu desmoralizar e os
brasileiros saíram por aí nadando de braçada nela. Agora, para mudar o “status
quo”, talvez seja necessário inverter o significado do dia decretando o 1° de
Abril como sendo o “Dia da Verdade”. Assim ela, a verdade, tão maculada pelos
políticos e pela maioria dos brasileiros não morrerá de inanição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique à vontade para deixar seu comentário, sugestão ou crítica, desde que respeitados os limites e a linha do blog, de não exibir conteúdo venal ou ofensivo a quem quer que seja.Postagens anônimas não serão aceitas.Posts de outros autores não refletem necessariamente a opinião do editor.