23/05/2017
Matança de bichos assusta a cidade
Protetores se mobilizam e denunciam
eutanásia de animais que seria praticada pelo município
Márcia Vieira
Repórter
Repórter
A acadêmica de veterinária Aline Matos, responsável pela ONG de
proteção aos animais “Justo Olhar”, fez graves denúncias sobre a matança
indevida de animais pelo município, através do Centro de Controle de Zoonoses -
CCZ. Em conversa com a reportagem, Aline destacou que o município está com uma
“carrocinha” recolhendo animais que já teriam sido castrados pelos protetores.
Esses animais seriam levados e eutanasiados no local, mesmo quando o teste não
dá positivo para leishmaniose (calazar).
Segundo estimativa, de 7 a 8 mil animais estão soltos pelas ruas,
entre cães, gatos e cavalos. “Todos eles podem ter o protozoário da doença, mas
os humanos também podem ter. O que não se pode é fazer eutanásia sem
comprovação da enfermidade , apenas para se livrar do problema”, diz Aline. De
acordo com ela, o exame feito pelo Centro de Controle de Zoonoses não tem
especificidade para a doença, deste modo, há uma margem de erro que não pode ser
desconsiderada.
Dos animais que são levados ao órgão, 85% apresentam resultado
positivo, com “duvidas”, mas os outros 15%, também seriam eutanasiados. De
janeiro até maio de 2017, Aline custeou, com ajuda de parceiros do exterior, a
castração de 38 animais. Os exames foram realizados e os animais que
apresentavam enfermidade foram tratados, encaminhados à adoção ou devolvidos às
ruas, dentro do projeto “Cão Comunitário”, que prega o cuidado coletivo pela
comunidade onde o animal escolhe “viver”, até ser adotado oficialmente.
O CCZ ainda é acusado pelos protetores de reter resultados de
exames e números de animais mortos, castrados e tratados, embora a informação
seja de domínio público. “Somos coagidos a entregar os animais, ainda que eles
não estejam doentes. O nosso trabalho de castrar e cuidar vai por água abaixo.
Não vamos aceitar mais isso. Os protetores querem o fim da carrocinha. Se o
município fizesse a castração, não teria que matar e matar”, desabafa Aline. A
protetora conta que “os animais mortos seriam desovados em terreno que pertence
ao CCZ, mas de maneira irregular”. O NORTE entrou em contato com o CCZ, mas os
veterinários não estavam no local e outros foram desautorizados a dar
informações.
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