Audiência busca ações para melhorar representação
feminina no parlamento
Márcia Vieira
Montes Claros
P/O NORTE
06/06/2017 - 00h11 - Atualizado 00h47
O Brasil
ocupa hoje a 115º posição no ranking mundial, de presença feminina no
parlamento, entre 138 países, de acordo com dados de março/2017, do Banco
Mundial e do Tribunal Superior Eleitoral. Nesse cenário, parlamentares,
representantes de instituições e sociedade civil, incluindo do Norte de Minas,
estiveram em Brasília debatendo a sub-representação feminina na Câmara e o
sistema eleitoral brasileiro em Audiência Pública requerida pela deputada
Raquel Muniz.
De acordo com levantamento
feito pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI), entre 1990 e 2016, a
participação feminina no Brasil saltou de 5,3% para 9,9%, mas ainda assim este
percentual é baixo. Bolívia e Cuba apresentam maior percentual de mulheres na
política.
O PMI aponta que, nesse ritmo,
Brasil só conseguirá a igualdade de gênero por volta de 2080. A legislação
eleitoral determina que 30% dos candidatos de cada partido sejam mulheres,
porém, muitos partidos cumprem a cota com candidatas sem perspectiva real de
vitória.
Para mudar esta realidade, a
deputada federal Raquel Muniz, primeira do Norte de Minas a ocupar este espaço,
trabalha para que mais mulheres se envolvam com a política. “O Brasil precisa
de uma vez por todas melhorar a história da representação feminina e temos
feito isso no nosso mandato. As mulheres têm participado como presidente ou
relatoras de comissão, foi criada uma comissão dos direitos da mulher nesta
legislatura; enfim, estamos trabalhando para promover as mulheres que já se
destacam em suas funções e inseri-las na política, que é o lugar onde se
discute cidadania e assuntos de interesse geral”, diz a deputada, que integra
os tímidos 10% de representação feminina no Congresso.
Segundo a advogada Maria
Claudia Pinheiro, o tema é uma preocupação da ONU mulher, que alertou os
poderes no Brasil sobre a necessidade de se corrigir essa sub-representação.
“Fenômeno parecido aconteceu na Europa na década passada, agora é a vez da
Câmara dar sua resposta aprovando a reserva de cadeiras no parlamento para as
mulheres”, disse Cláudia.
A PEC n° 234/2015, cujo art.
101 dispõe sobre a reserva de vagas para cada gênero na Câmara dos Deputados,
Assembleias Legislativas, Câmara Legislativa do DF e Câmaras Municipais, nas
três legislaturas subsequentes, pode representar o avanço que as mulheres
almejam.
Sem
perder a feminilidade
A
delegada Karine Maia Costa, atendendo convite da deputada Raquel Muniz,
participou em Brasília, da discussão sobre o “empoderamento” da mulher, que
objetiva elevar a participação feminina no Congresso. Desde 2013 à frente da
Delegacia de Mulheres em Montes Claros, Karine conta que a trajetória inclui
passagens pouco compreensíveis, mas que no decorrer do tempo foi mostrando
trabalho e vencendo as barreiras comuns a que são submetidas as mulheres em
campos de poder.
“Resisti aos comentários, e as
pessoas começaram a enxergar que não é preciso perder a feminilidade para
exercer cargos na política, na polícia ou no Judiciário”, revela.
A delegada ainda diz que a luta
pela igualdade não é para aniquilar os homens, mas apenas uma questão de
direitos. “É uma luta contra o machismo, não contra os homens. Cada um tem o
seu papel. Não importa sexo, raça ou religião. O que importa é a determinação
do profissional”, assegura.
Karine revela que em Montes
Claros são cerca de 15 a 20 mulheres que procuram todos os dias a delegacia. A
policial pretende implantar na cidade em parceria com o Ministério Público, o
trabalho com o agressor. O trabalho já existe na delegacia de Belo Horizonte e
envolve profissionais do direito, psicólogos e assistentes sociais, entre
outros. “É importante que as delegacias não sejam vistas apenas como local
pesado de repressão, mas como espaço de cidadania. O trabalho humanizado e
multidisciplinar é uma das maneiras que a gente encontrou para resolver a
questão”, diz a delegada.
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