DA FOTOGRAFIA...
Matéria do El Pais, traz uma abordagem interessante sobre nus masculinos da história da arte. Neste domingo,selecionamos 5, dos 20 nus retratados para o leitor do blog:
Os 20 melhores nus masculinos da história da arte
Ao longo da história, e com diferentes abordagens (da exaltação à objetificação), muitos artistas se inspiraram na beleza do corpo do homem. Pedimos a quatro especialistas os melhores exemplos de nus artísticos masculinos: o historiador e romancista Bruno Ruiz-Nicoli, especializado em antiguidade clássica; os artistas Carmen González Castro e David Trullo, que a partir de uma perspectiva contemporânea, muitas vezes utilizam o nu em seu trabalho; e o jornalista cultural Ianko López. Esse é o resultado
Ianko López
1-'Marte' (1638), de Diego de Velázquez. Museu do Prado (Madri) Mas o que faz este homem nu?
Em um contexto tão puritano (de fachada) como a Espanha do peíodo
Barroco, a mitologia oferecia um interessante pretexto para representar
corpos nus. Assim, Velázquez (Sevilha, 1599-Madri, 1660), o pintor da
família real, representou o deus romano da guerra para o rei Felipe IV e
a obra integrou-se, junto a outras de Rubens com motivos similares, na
decoração de um de seus pavilhões de caça. Por que é tão bom?
Parece que Velázquez utilizou como modelo um veterano de guerra, e o
realismo com o que o retratou é o que mais chama a atenção do quadro.
Não se trata só da incrível autenticidade da carne, senão de algo que
vai bem mais lá do que poderia ser tocado ou cheirado: a melancolia da
personagem rompe com a clássica rigidez e a idealização com que se
representava os deuses clássicos, e séculos depois nos faz pensar
irremediavelmente no ocaso de um império baseado no poder —já ferido de
morte— das armas.
2 -'Homem no banho' (1884), de Gustave Caillebotte. Museu de Belas Artes de Boston Mas o que faz este homem nu?
O especialista em história da arte Bruno Ruiz-Nicoli destaca a
excepcionalidade desta obra de Gustave Caillebotte (França, 1848-1894),
realizada em um momento no qual, em geral, se representava apenas
mulheres neste tipo de atitude: “Se a intimidade feminina foi
representada na arte como espaço erotizado desde o século XVIII, a
masculina se manteve em um terreno marginal”. Por que é tão bom?
“Caillebotte debocha do tabu com um gesto enérgico. A figura saiu da
banheira deixando um rastro de umidade e seca com força suas costas”,
analisa Ruiz-Nicoli. O vigor realista e a sensualidade do momento nos
interpelam.
3- 'Edipo e a Esfinge' (1802), de Jean-Auguste-Dominique Ingres. Museu do Louvre (Paris) Mas o que faz este homem nu?
“Édipo enfrenta-se nu à Esfinge porque é um herói e um homem. Os
esqueletos que lhe rodeiam mostram as consequências que provocaria um
erro ao responder à adivinha. Que ser caminha sobre quatro patas, sobre
duas e sobre três? Édipo responde inclinando seu torso para o monstro em
uma afirmação de sua própria identidade. 'O tens ante ti', parece
dizer”, explica Bruno Ruiz-Nicoli. Por que é tão bom?
Jean-Auguste-Dominique Ingres (França, 1780-1867) é um dos pintores
mais excêntricos da história da arte. Clássico e anticlássico ao mesmo
tempo, moderníssimo e arcaico, desconcertou a muitos historiadores. Seja
como for, aqui nos fascina pela qualidade de alabastro da pele do
protagonista, que parece convidar-nos a tocá-la.
4- 'The most beautiful part of a man’s body' (A parte mais bonita do corpo de um homem) (1986), de Duane Michals Mas o que faz este homem nu?
Ah, essa parte do corpo masculino. “A parte mais bonita do corpo de um
homem acho que está ali onde o torso fica”, disse o autor desta obra, o
fotógrafo Duane Michals (Pensilvania, Estados Unidos, 1932). E não é o
único a pensar assim. Por que é tão bom? O
especialista em história da arte Bruno Ruiz-Nicoli nos lembra que Duane
Michals faz explícita sua opinião através do texto e manifesta assim o
que, ao longo da história, permanecia codificado na própria obra: “As
linhas gêmeas, de uma graça feminina, envolvem o tronco, guiando os
olhos para abaixo, para sua interseção, o ponto de prazer”.
5- 'São João Batista' (Doria-Pamphilj) (1602), de Caravaggio. Galleria Doria-Pamphilij. Roma. Mas o que faz este homem nu?
Caravaggio (Itália, 1571-1610) revolucionou a pintura religiosa tomando
como modelos pessoas que encontrava nas ruas, conseguindo, assim, um
extra de realismo que supôs um avanço com respeito aos modos maneiristas
imediatamente anteriores. E isso se transmite aos nus, incluídos os de
personagens dos Evangelhos. Por que é tão bom?
“A carga homoerótica que transmite o jovem que representa São João
Batista reside em seu realismo. O abraço ao carneiro e o apoio sobre a
pele de cabra enfatizam a sensualidade da composição em espiral”,
analisa Bruno Ruiz-Nicoli.