Benefício ofertado pela empresa foi suspenso após falta de pagamento de
várias contas de água da prefeitura
Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
14/06/2019 - 08h14
A
Prefeitura de Montes Claros é devedora da Copasa. O valor da dívida até abril
era de R$ 600 mil, relativos a consumo de água não pago, principalmente das
praças da cidade. Apesar de ter sido notificado várias vezes, o município não
quitou o débito e, com isso, perdeu o benefício do desconto que tinha, conforme
previsto em contrato.
De acordo com o superintendente
da empresa em Montes Claros, Roberto Botelho, a dívida atual já chega a R$ 900
mil.
“Quando fizemos o contrato de
concessão, foi dada uma franquia de uso de água pelo município. Ele só passaria
a pagar depois que atingisse aquela franquia. Isso representou um desconto
considerável nas contas do município. Mas a condição para vigorar essa franquia
é que o município estivesse em dia com a Copasa, mas está inadimplente”, afirma
Botelho.
Segundo ele, a prefeitura está
sendo notificada desde abril, mas não colocou a situação em dia. O benefício,
então, foi cortado em maio. “Se voltar a pagar, terá de volta o desconto”,
disse o superintendente da Copasa em audiência na Câmara de Vereadores.
Roberto Botelho ressalta que
cerca de R$ 42 milhões já foram investidos no município dentro dos prazos
estipulados no contrato.
A situação de inadim-plência da
prefeitura foi exposta durante audiência pública, promovida pelo vereador
Wílton Dias (PHS), para discutir os problemas com a água da Copasa que a
população vem denunciando.
Moradores de diversos bairros
relataram estar recebendo água suja e supostamente contaminada em casa,
conforme O NORTE já mostrou em edições anteriores.
Outra reclamação está relacionada
à qualidade da recomposição asfáltica após obras realizadas pela empresa.
“Aprovamos o contrato de 30 anos do município com a Copasa acreditando que
teríamos um serviço de qualidade. Infelizmente, não é o que está acontecendo.
Precisamos de ações efetivas para a população sentir que o dinheiro não está
sendo jogado fora”, disse Wílton Dias.
“Há meses a gente recebe água
suja. O povo está insatisfeito. Quando isso foi divulgado, no dia seguinte a
água chegou limpa, mas veio com um forte cheiro de cloro. Vamos buscar a fundo
essa resposta. O que tem dentro dessa água? É só barro ou tem metais pesados?”,
questionou Aldimar Santos, morador do bairro Eldorado, que levou um recipiente
com amostra da água à audiência.
Starlin Cordeiro, morador do
bairro Vera Cruz, perguntou à diretoria da Copasa se eles teriam coragem de
beber a água com aparência barrenta. Diante da negativa, o morador afirmou:
“não precisa ser especialista para perceber que essa água é imprópria ao
consumo. Se não tivesse filtro na casa dos senhores, já teriam resolvido o
problema”.
O superintendente da Copasa,
Roberto Botelho, explicou que há duas situações distintas. Depois de análise
feita por laboratório, a contaminação da água foi descartada. Foram feitas nove
análises e encontradas seis amostras com tipos de agrotóxicos, que são danosos
à saúde, mas estão bem abaixo do limite recomendado. Tivemos uma única amostra
significativa, no distrito de Nova Esperança, que está no limite. Refizemos a
coleta e descartou-se a contaminação”, explicou.
“Já em relação à cor da água,
identificamos que o problema estava em uma adutora do sistema Verde Grande,
responsável por 60% do abastecimento da cidade. Havia resíduos de material do
processo de tratamento depositados na adutora. Fizemos duas limpezas e estamos
providenciando a descarga das redes e nova lavagem da adutora. Esperamos até o
fim dessa semana limpar de vez”, acrescentou.
O procurador do município Otávio
Rocha, disse que não está a par da situação de inadimplência e que vai buscar
as informações.
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