O adeus a Artur Leite
Amigos se despedem do radialista, jornalista,
psicólogo e professor que deixa um legado na comunicação
Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
Uma cidade em luto. Este é o retrato de Montes
Claros nesta quinta-feira, 29. Perdemos nós. Ganhou o céu com a chegada de
Artur Luiz Ferreira Leite, o Artur Leite de todas as manhãs, tarde e noites de
Montes Claros. Ele entrava na minha, na sua, na nossa casa ou no trabalho, pelo
rádio, pela TV, pelo jornal impresso que chegava logo cedo. Nunca
sorrateiramente. Era dado a encher o ambiente, qualquer ambiente, com seu
sorriso largo, seu humor e voz inconfundíveis e sua escrita peculiar. “Uma
coisa!”
Artur marcou a sua passagem e deixou ricas
lembranças. Não há em Montes Claros uma única pessoa que não tenha escutado o
seu nome. De norte a sul da cidade e adjacências, ele é o cara que trouxe as
notícias para perto do ouvinte/telespectador/leitor.
Antigos e jovens jornalistas se espelhavam no seu
jeito habilidoso de tratar os fatos e circunstâncias. Deixou uma legião de
amigos e um legado à imprensa, à política, à educação. Conseguiu transitar em
todos os meios.
Se teve desafetos, não se sabe. Mas se eles
existiram, o (des) não partiu dele, porque em sua breve passagem pela terra ele
foi só afeto e generosidade.
Artur morreu no início da noite de quarta-feira,
vítima de leishmaniose visceral. O corpo do jornalista foi velado ontem na Câmara
Municipal de Montes Claros, na Vila Guilhermina.
A celebração religiosa aconteceu às 16h, com o
cortejo fúnebre saindo da sede do Legislativo às 16h30 até o Cemitério Senhor
do Bonfim, onde foi enterrado no jazigo da família, que há seis meses foi marcado
por muita emoção durante sepultamento do pai de Artur, Clóvis Leite, que
acabara de completar 100 anos.
Amigos e colegas falam sobre o jornalista,
professor, político e amigo e prestam aqui homenagens ao profissional e homem
que fez história em Montes Claros.
Carta de despedida
Prezado Amigo Artur Leite,
Você foi embora muito de repente, teríamos muito
mais coisas para fazermos juntos.
Todos sentiremos sua falta. Você foi um bom
companheiro e amigo.
Contribuiu com o desenvolvimento de nossa Montes
Claros, ajudou a marcar bem a nossa história, narrando com precisão os
acontecimentos, como excelente jornalista. Assessorando os líderes políticos a
tomarem suas decisões, foi sábio e dedicado. Ensinando aos seus alunos os
caminhos da vida, foi mestre e iluminou muita gente. Como filho dedicado a Dona
Moça e ao Seu Zizi, você foi esplêndido. Era impressionante ver seu amor e
dedicação a eles. Como pai, esposo, irmão, cunhado, você também foi dez. Quero
dizer a você Artur, muito obrigado por tudo! Vá em paz, na certeza que
desempenhou de forma notável seu papel aqui na terra. Quero falar para toda
Montes Claros que perdemos um grande homem, um cidadão exemplar. Dizer, em
especial para Jaqueline e Roberta: segura na mão de Deus e confia. Vamos ter Fé
e Confiança no Amor de Deus!
Abraços
Ruy e Raquel Muniz
Ruy e Raquel Muniz
***
“Todos nós aprendemos um pouco com ele. Era muito
generoso. Sempre gentil e atendendo a todos com um sorriso. Só lembranças boas.
Isso é o que vai ficar.”
Cid Durães, Radialista
“A imprensa norte-mineira teve uma baixa
gigantesca. Além de ser carismático, alegre e sempre com um sorriso no rosto,
era um profissional completo. Ele me ensinou a ser um homem melhor, um pai de
família melhor, um profissional melhor, nestes cinco anos que convivemos no
programa. Estava aguardando a volta dele depois da bateria de exames. Hoje,
fazer o programa sozinho teve um gosto amargo.”
Du Novaes, jornalista/ radialista
“Artur e eu fomos colegas de escola na
adolescência. Eu queria ir para os EUA fazer um curso de inglês, mas não tinha
condições. Ele me ajudou a arrecadar dinheiro. Este fato foi marcante na minha vida.
Voltamos a nos encontrar mais tarde, na universidade, onde viramos professores.
E nos encontramos também na política. Sempre respeitando e convivendo bem com
as possíveis divergências. Ele foi presidente do diretório dos estudantes
secundaristas e creio que foi ali que começou a sua militância”
Mariléia de Souza - Professora universitária,
ex-secretária de Educação
“A partida do Artur foi algo inesperado. A ficha
não caiu. Estamos chateados, doloridos, porque o Artur vai fazer muita falta.
Foram várias redações. Eu o vi pela última vez no velório do Georgino Junior e
ele falou que estaria sentado na primeira fila da minha peça. A geração está se
extinguindo. Temos perdido muitos militantes da imprensa e da cultura, de uma
maneira que chega a ser boba, como foi essa partida do Artur. Só deixou bons
exemplos”
Eduardo Brasil - Jornalista e ator
“Quem não ouviu Artur Leite em Montes Claros? Nos
meus primeiros anos de imprensa esportiva ele era meu grande incentivador.
Literalmente ele parava o jogo. Fazia uma promoção com os torcedores no campo e
as pessoas tinham que chutar a bola, bater pênalti e outras coisas. Foi ideia
dele e, mais tarde, uma marca de cerveja comprou a ideia e levou para os campos
do interior. Ele tinha uma grande capacidade de improvisar”
Christiano Jilvan - Jornalista esportivo
“Artur foi um professor. Eu trabalhava como editor
num jornal impresso e ele chegou para ser chefe de redação e somar. Todo mundo
ficava encantado com a perspicácia dele e o jogo de cintura para lidar com as
dificuldades humanas. Era um pai para todos. Tinha prazer em ensinar. Era um
cara aberto, de coração grandioso e muitas vezes tirava do bolso até para nos
alimentar na redação. Só tenho a agradecer”.
Wesley Gonçalves - Jornalista
“Artur era pessoa querida e amiga. Se eu penso na
imagem dele, só vem alegria. Ele estava sempre rindo, fazendo gozações
simpáticas. É assim que eu vou me lembrar dele. Tenho certeza que todos que
conviveram com ele sabem da pessoa especial que ele era. Onde estiver, estará
gerando energia e luminosidade”
Paulo Ribeiro - Secretário Municipal de Meio
Ambiente
“A partida de Artur foi assustadora. Perdemos um
grande amigo. Montes Claros vai ficar sentindo essa falta durante muito tempo.
Era um bom jornalista, um bom escritor, um político diferente. Pra mim, ele era
tudo”
Said Schiller Campos - Presidente do Automóvel
Clube
“Tive a felicidade de ter na minha vida uma pessoa
como Artur, que foi um grande amigo e um grande companheiro. Ele ajudou Montes
Claros nos campos da imprensa, político e cultural”
Guilherme Dias Ramos - Ex-vereador
“Fomos vizinhos por mais de 50 anos. Crescemos
juntos e permanecemos com uma amizade que hoje pouco se vê. A família dele é
como a minha família. Ele venceu na vida com muita batalha. Alegria,
positividade e alto astral, é como me lembro dele”
Coriolando (Cori) Ribeiro – E-x-vereador e
ex-Presidente da Câmara
Profissional múltiplo e dedicado
Manoel Freitas
Repórter
Nascido em 27 de março de 1953 em São João da
Ponte, Norte de Minas, Artur Luiz Ferreira Leite veio ainda criança para Montes
Claros, onde cresceu no centro histórico da cidade e se estabeleceu pessoal e
profissionalmente. Sexto dos sete filhos de Clóvis Leite (Zizi) e Amazilis
(Dona Moça), ambos falecidos, o jornalista teve três filhos com a primeira
esposa Sônia Selma Silva, Rodrigo (in-memorian), Rafael e Roberta.
Articulista político com coluna diária no jornal O
NORTE, nos últimos dias Artur Leite licenciou-se de suas atividades
profissionais, apresentando quadro grave de infecção, período em que foi
acompanhado diuturnamente pela segunda esposa, a servidora pública Jaqueline
Bastos Leite.
Na última quarta-feira, depois de muitos exames, a
família recebeu do Hospital Aroldo Tourinho o diagnóstico de leishmaniose
visceral, causa de sua morte no início da noite.
Também professor e psicólogo, o ex-presidente da
Apae deixa um legado de mais de 40 anos de atuação na imprensa de Montes Claros
e região. Em sua extensa carreira profissional, passou pela TV Montes Claros
(hoje Inter TV), TV Geraes, Rádio Sociedade e Rádio Itatiaia, sendo que, na atualidade,
mantinha programas diários na Rádio Terra AM e 104,9 FM.
Na imprensa escrita, iniciou sua trajetória no
extinto O Jornal de Montes Claros. Na sequência, assinou artigos e coluna
política no Jornal de Notícias, Diário de Montes Claros, Gazeta Norte Mineira e
Jornal do Norte.
Em O NORTE, além da coluna política, durante muitos
anos Artur Leite exerceu as funções de editorialista, abordando temas de
relevância, como saúde, educação e segurança pública.
De 1989 a 1992, Artur Leite exerceu mandado de vereador
em Montes Claros, eleito vice-presidente da mesa diretora, licenciando-se na
sequência para exercer as funções de secretário de Governo do então prefeito
Mário Ribeiro da Silveira. Como articulador político e mestre de cerimônia,
prestou assessoria de imprensa a diversas prefeituras da região.
Como professor, atuou durante mais de duas décadas
na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que registrou em
comunicado oficial pesar pelo seu falecimento.
“Neste momento de profunda dor, a Reitoria e toda a
comunidade acadêmica manifestam os sentimentos pela inestimável perda e se
solidarizam com a família enlutada”, assinou o reitor, professor João dos Reis
Canela.
Uma perda irreparável para a nossa Montes Claros, tenho certeza que Artur está em lugar melhor!
ResponderExcluirUm grande ser humano!